Na manhã de quarta-feira, 24 de junho, acordamos com a
triste notícia do acidente automobilístico envolvendo o cantor Cristiano Araújo.
Num primeiro instante havia uma corrente de oração pelo restabelecimento de sua
saúde. Porém, tínhamos informações desencontradas sobre seu atual estado de
saúde. O que se sabia até então era que sua companheira de apenas 19 anos que o
acompanhava na ocasião não havia resistido aos ferimentos e veio à óbito no local
do acidente. Passadas algumas horas do acidente a notícia que todos não queriam
veio a se confirmar; o jovem cantor de vinte nove anos também não resistiu e
morreu.
A morte de um artista seja aqui ou em qualquer lugar do
mundo sempre gerou conflitos. De um lado os fãs que seguem todo ritual de
homenagens contando sua relação com aquele artista e, do outro lado, os não fãs
em sua maioria (maioria não é todo mundo), observam com desdém a manifestação
alheia.
O principal questionamento dos não fãs era um só: Precisa
de tudo isso por conta de uma pessoa só?
Se observarmos nesse aspecto basta então lembrar que quando
na morte do Michael Jackson, além da cobertura total em torno de sua morte, seu
velório fora transmitido ao vivo mundialmente. Daí você pode naturalmente se
espantar e questionar:
Caro, você vai mesmo comparar um cantor sertanejo com
Michael Jackson? Evidente que não, a questão aqui não é o peso do
reconhecimento musical, mas a circunstância.
E qual seria neste caso? Ambos inegavelmente são artistas
reconhecidos pelo seu público por mais distinto que seja o gênero musical onde
atuam. O fato é que existe uma verdade que precisa também ser exposta frente ao
acontecido. Há um forte preconceito com a música sertaneja no brasil e não é de
hoje, o desdém não é com ser humano que perdeu a vida, mas sim pelo reconhecimento
dado a alguém que esteve à frente de um gênero musical que para uma parcela é
irrelevante.
A tese é irrefutável quando observamos comentários do tipo:
"Artistinha" "Zé ruela" "Cantorzinho"
"Sertanojo". Houve quem questionasse se a comoção não seria
exagerada: "Cristiano o quê" "nunca ouvi e nem vi" "era
tão famoso assim?". Fato é que o artista é sucesso e sua música alcançou
milhões de pessoas em todo país, quer você goste ou não. A verdade é que muita gente tentou
desqualificar o artista dentro da seara do gosto individual, mas acabam se esquecendo
de que gosto não é discutível.
Entretanto, o motivo do escrito vai além da questão de ser
ou não tão famoso assim.
Chamou-me atenção à exposição gratuita de imagens do
acidente e depois dele. Não só a rede social como também via whatsapp
tornaram-se um IML ambulante. Imagens chocantes expondo principalmente o corpo
do rapaz. Era como se fosse um prêmio registrar o "artista" morto. No
começo da noite notei que havia no celular um vídeo que parecia ser a autópsia
- procedimento comum nessas ocasiões. Apaguei de imediato sem vê-lo.
Para mim é doentio, horrendo. Fiquei tão enojado que apaguei
meu perfil da rede social para não me deparar com nada relacionado a isso.
Essas pessoas precisam fazer tratamento psicológico, não podemos considerar
este comportamento normal. Além disso, quem estava exposto ali não era o "artista". O artista acaba quando desce do palco. Quem está ali é um
ser humano, um de nós, alguém que tem família como nós. Pai, Mãe, irmã e filhos. Faltou
respeito e sensibilidade com o sentimento de dor de quem perdeu alguém
especial.
Confesso que estou até o momento perplexo com tamanho desrespeito. Não retorno a rede
social tão cedo. A propósito, o abandono da rede social é o próximo tema que pretendo explorar aqui numa próxima ocasião.
É isso!