domingo, 29 de dezembro de 2013

Eu tinha um cachorro preto, seu nome era depressão.

O TEMPO E AS JABUTICABAS

Amo Rubem Alves. Compartilho com você mais que uma reflexão, um ensinamento. Espero que goste.




Contei meus anos e descobri que terei menos tempo para viver daqui para frente do que já vivi até agora. Sinto-me como aquela menina que ganhou uma bacia de jabuticabas. 
As primeiras, ela chupou displicente, mas percebendo que faltam poucas, rói o caroço. 
Já não tenho tempo para lidar com mediocridades. 
Não quero estar em reuniões onde desfilam egos inflados. 
 Não tolero gabolices. Inquieto-me com invejosos tentando destruir quem eles admiram, cobiçando seus lugares, talentos e sorte. Já não tenho tempo para projetos megalomaníacos. 
Não participarei de conferências que estabelecem prazos fixos para reverter a miséria do mundo.
 Não quero que me convidem para eventos de um fim de semana com a proposta de abalar o milênio.
 Já não tenho tempo para reuniões intermináveis para discutir estatutos, normas, procedimentos e regimentos internos. 
 Já não tenho tempo para administrar melindres de pessoas, que apesar da idade cronológica, são imaturos. Não quero ver os ponteiros do relógio avançando em reuniões de 'confrontação', onde 'tiramos fatos a limpo'. 
 Detesto fazer acareação de desafetos que brigaram pelo majestoso cargo de secretário geral do coral. Lembrei-me agora de Mário de Andrade que afirmou: 'as pessoas não debatem conteúdos, apenas os rótulos'. 
 Meu tempo tornou-se escasso para debater rótulos, quero a essência, minha alma tem pressa... 
Sem muitas jabuticabas na bacia, quero viver ao lado de gente humana, muito humana; que sabe rir de seus tropeços, não se encanta com triunfos, não se considera eleita antes da hora, não foge de sua mortalidade, defende a dignidade dos marginalizados, e deseja tão somente andar ao lado do que é justo. 
Caminhar perto de coisas e pessoas de verdade, desfrutar desse amor absolutamente sem fraudes, nunca será perda de tempo.' 

O essencial faz a vida valer a pena. 


 Rubem Alves

sábado, 28 de dezembro de 2013

Carta de Ano Novo para um filho que aprendeu a ler


O texto é tão lindo, tão puro e completo. Embora ainda não seja Pai, fiquei emocionado ao ler essa cartinha. 
Compartilho com vocês. 


Querido João,
Já é quase final de ano. Pela primeira vez, você e eu não estaremos juntos na virada, tapando as orelhas na hora dos rojões, olhando o céu riscado de fogos, enchendo a pança de maionese, farofa, arroz com uva passa. Este ano, como acontece a muitas das crianças quando os pais tomam caminhos diferentes na vida, você passou o Natal comigo e, nada mais justo, no réveillon vai estar com a mamãe.
Então, como eu sei que a saudade vai bater violenta quando der meia-noite e você não vai estar por perto para me mostrar bagunceiro os quatro zeros no relógio do celular, eu resolvi escrever esta cartinha a você. Porque assim, desde já, é como se você estivesse aqui pulando, derrubando a casa, irritando a vizinha infeliz do andar de baixo, fazendo todas aquelas perguntas que eu nem imagino de onde surgem. E eu tentasse respondê-las enquanto a gente luta contra o sono e sente o maior dó dos cachorros torturados pela barulheira dos fogos. Cada um tem um jeito de lidar com as coisas da vida, meu filho. O meu é este. Batucando para fora o que passa aqui dentro.
Aliás, escrever-lhe esta cartinha ganhou um novo e maravilhoso sentido agora que você se tornou um leitor tão curioso e voraz. E apesar da minha pacholice de ver meu pequeno deslumbrado com a própria capacidade recente de compreender e reproduzir palavras, palavrinhas e palavrões por escrito, eu sei que esta cartinha você só irá ler mais tarde, daqui a um monte de anos. Porque o conteúdo dela é aborrecido e profundo demais para dias de muita festa e pouca idade. Longo o bastante para um leitor iniciante e inocente como você é hoje.
No entanto, mesmo sabendo que não vai ler isso agora, aí vão duas ou três observações para o meu homenzinho na manhã da vida, se alfabetizando das coisas do mundo, encantado com a descoberta das letras que formam sílabas e compõem palavras. E que juntas dizem frases e contam histórias como a nossa.
Um dia, no futuro, quando ler estas bobagens você vai saber que, lá atrás, este seu quase velho pai já o amava de toda a vida e passava mais tempo pensando em você do que ele mesmo imaginava. Entre todos os seus afazeres de criança, adolescente ou quase adulto, talvez você pare um segundo e pense “é, acho que o velho gostava mesmo de mim”. E vai me ligar do seu iPhone 21, com comando de pensamento, me convidando para assistir ao seu lado a um velho e riscado blu-ray do Homem de Ferro.
Mas enquanto espera ser encontrada por você, que esta meia dúzia de palavras seja vista pelos amigos. Afinal, testemunhas valem ouro. Tanto nos juramentos de quem se casa quanto nesta declaração de amor de um pai por seu único e mais que amado filho.
Tudo isso é para dizer a você que o mundo é um jardim de rodas gigantes, meu filho. Sabe aquela roda gigante do parquinho? Cada um de nós é uma delas. Somos todos rodas, rodinhas e rodonas rodando pela vida, revezando instantes lá em cima e lá embaixo, embarcando nas outras pessoas, em seus grandes círculos iluminados e em movimento, subindo e descendo.
Vez ou outra, estamos lá no topo da roda. No lugar mais alto, de onde dá pra sentir o sol mais perto, queimando nossa testa com o fogo de existir. Dali de cima dá pra ver a cidade inteira, as casas e os prédios como miniaturas de um brinquedo e as pessoas pequenininhas lá embaixo. Às vezes a roda para justo quando a gente está lá no alto. E isso é um presente. Tudo fica suspenso, o mundo congela no instante supremo, você segura o xixi e não pensa em mais nada. Porque tudo se resume àquele momento de grandeza, que, aliás, muita gente adora chamar de “paz”.
É quando sobra tempo de olhar devagar o céu e as nuvens. Dá tempo de procurar lá embaixo a direção da nossa casa. Tempo de curtir a paisagem como se o mundo todo fosse aquela sensação de desprendimento absoluto. Quando esse instante chegar, meu filho, aproveite!
Porque, claro, também há dias em que a roda gigante para com a gente lá embaixo, ou lá no meio. É quando a gente parece não ter muita importância. Quando estamos “em baixa”. Acontece. Assim como também chega a hora em que a gente deve desembarcar da roda e dar o lugar a outros passageiros.
É da vida, meu pequenino viajante. De todas as rodas gigantes do mundo, em pouquíssimas delas a gente tem cadeira cativa, perpétua, vitalícia. Quando isso acontece, a gente valoriza o quanto pode. E, olha, às vezes até esses lugares a gente perde.
Agora, tão importante quanto tudo isso é você valorizar as rodas em que embarcar. E nunca esquecer de que na sua roda gigante entra só quem você quiser. E fica só quem você escolher. Portanto, escolha direitinho e cuide bem dos seus passageiros.
Daqui, resta dizer que você é o meu passageiro preferido. É por pessoas como você que esta roda segue rodando.
Já é quase fim de ano. Divirta-se por aí e volte logo para me contar como estava a praia. Por aqui, nossa roda gigante continua esperando por você.
Feliz Ano Novo, meu filho. Um beijo e até já!
Com amor, papai.

sábado, 26 de outubro de 2013

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Leituras

Tenho intima paixão pela Psicologia. Não por acaso, tenho uma irmã (de coração) que exerce a profissão e, influenciou diretamente na identificação desse sentimento.

Dispenso Freud neste caso, pois o papo é sobre Jung. [Freud certamente não curtiu isso]. 

 Iniciei nas leituras sobre a matéria com Freud, cá entre nós, Freud é Freud e ponto final. Porém, ao identificar Jung em constantes citações de Freud, despertou aquele interesse. Quem será esse que tanto causa incômodo ao mestre? 

Fui pesquisar, claro. Num só pensamento Jung me fisgou. Depois de compreender claramente a bronca de Freud com Jung, fiquei ainda mais fascinado. 

 Sobre o caso, em resumo: Jung discordou de Freud em algumas questões que, para Freud, eram irrefutáveis. 

 Iniciei à leitura dessa obra nessa semana. Obra esta, considerada não só como fundamental, é também, a mais importante do autor(Jung concluiu esse trabalho bem próximo de sua morte.) 

 Ainda não dá pra falar muito sobre. Posso dizer que Jung consegue fazer você rever tudo. Parar, olhar, observar até o último grau de observação que possa existir. 

 Em breve conto mais sobre essa experiência.

 Ah, voltei ... 

 Abraços, Jota.


 

Campanha

Excelente campanha produzida no México.Alcança o objetivo, nos faz refletir sobre o contemporâneo.

domingo, 8 de setembro de 2013

62 obras sobre os principais pensadores da educação para download

O Mi­nis­té­rio da Edu­ca­ção, em par­ce­ria com a Unes­co e a Fun­da­ção Jo­a­quim Na­bu­co, dis­po­ni­bi­li­za pa­ra downlo­ad a Co­le­ção Edu­ca­do­res, uma sé­rie com 62 li­vros so­bre per­so­na­li­da­des da edu­ca­ção. A co­le­ção traz en­sai­os bi­o­grá­fi­cos so­bre 30 pen­sa­do­res bra­si­lei­ros, 30 es­tran­gei­ros, e dois ma­ni­fes­tos: “Pi­o­nei­ros da Edu­ca­ção No­va”, de 1932, e “Edu­ca­do­res”, de 1959. A es­co­lha dos no­mes pa­ra com­por a co­le­ção foi fei­ta por re­pre­sen­tan­tes de ins­ti­tu­i­ções edu­ca­cio­nais, uni­ver­si­da­des e Unes­co.
O cri­té­rio pa­ra a es­co­lha foi re­co­nhe­ci­men­to his­tó­ri­co e o al­can­ce de su­as re­fle­xões e con­tri­bui­ções pa­ra o avan­ço da edu­ca­ção no mun­do. No Bra­sil, o tra­ba­lho de pes­qui­sa foi fei­to por pro­fis­si­o­nais do Ins­ti­tu­to Pau­lo Frei­re. No pla­no in­ter­na­ci­o­nal, foi tra­du­zi­da a co­le­ção Pen­seurs de l’édu­ca­ti­on, or­ga­ni­za­da pe­lo In­ter­na­ti­o­nal Bu­re­au of Edu­ca­ti­on (IBE) da Unes­co, em Ge­ne­bra, que reú­ne al­guns dos mai­o­res pen­sa­do­res da edu­ca­ção de to­dos os tem­pos e cul­tu­ras.
In­te­gram a co­le­ção os se­guin­tes edu­ca­do­res/pen­sa­do­res: Al­ceu Amo­ro­so Li­ma, Al­fred Bi­net, Al­mei­da Jú­ni­or, An­drés Bel­lo, An­ton Maka­renko, An­to­nio Gram­sci, Aní­sio Tei­xei­ra, Apa­re­ci­da Joly Gou­veia, Ar­man­da Ál­va­ro Al­ber­to, Aze­re­do Cou­ti­nho, Ber­tha Lutz, Bog­dan Su­cho­dolski, Carl Ro­gers, Ce­cí­lia Mei­re­les, Cel­so Su­cow da Fon­se­ca, Cé­les­tin Frei­net, Darcy Ri­bei­ro, Do­min­go Sar­mi­en­to, Dur­me­val Tri­guei­ro, Ed­gard Ro­quet­te-Pin­to, Fer­nan­do de Aze­ve­do, Flo­res­tan Fer­nan­des, Fre­de­ric Skin­ner, Fri­e­drich Frö­bel, Fri­e­drich He­gel, Fro­ta Pes­soa, Ge­org Kers­chen­stei­ner, Gil­ber­to Freyre, Gus­ta­vo Ca­pa­ne­ma, Hei­tor Vil­la-Lo­bos, He­le­na An­ti­poff, Hen­ri Wal­lon, Hum­ber­to Mau­ro, Ivan Il­lich, Jan Amos Co­mê­nio, Je­an Pi­a­get, Je­an-Jac­ques Rous­se­au, Je­an-Ovi­de De­croly, Jo­hann Her­bart, Jo­hann Pes­ta­loz­zi, John Dewey, Jo­sé Mar­tí, Jo­sé Má­rio Pi­res Aza­nha, Jo­sé Pe­dro Va­re­la, Jú­lio de Mes­qui­ta Fi­lho, Liev Se­mio­no­vich Vygotsky, Lou­ren­ço Fi­lho, Ma­no­el Bom­fim, Ma­nu­el da Nó­bre­ga, Ma­ria Mon­tes­so­ri, Ní­sia Flo­res­ta, Or­te­ga y Gas­set, Pas­cho­al Lem­me, Pau­lo Frei­re, Ro­ger Cou­si­net, Rui Bar­bo­sa, Sam­paio Dó­ria, Sig­mund Freud,Val­nir Cha­gas, Édou­ard Cla­pa­rè­de e Émi­le Durkheim.

A gente morre todos os dias. Mas se esquece e levanta

Reflexão excelente, compartilho.
abraços;
Jota
Se tem algo que desperta muita ira em nós é o descontrole sobre a hora da nossa morte. E sobre o momento da nossa concepção e nascimento. Sentimo-nos, paradoxalmente, cada vez mais empoderados, tendo como cúmplices as sucessivas invenções das novas tecnologias. O domínio sobre o universo, objetos coisas e pessoas. A era glass, a era touch e a era do controle (a última apontando a implacável vigilância da internet sobre nossa minuciosa intimidade) convivem na atualidade, aparentemente de mãos dadas. Fato é que simulando nosso império volitivo e ditatorial sobre joysticks materiais e virtuais sentimo-nos firmes comandantes de navios nas ondas da web e da vida.
A gente morre quando acorda. Morre de tédio, de preguiça, morre de mesmice, ou não, como apregoaria Caetano Veloso, com aquela voz de fruta sumarenta e lenta degustada em algum recanto nordestino. Tem pessoas que já morreram faz tempo. E nunca desconfiaram disso. Morrem de medo de encarar o medo, de colocar a coragem debaixo de um braço e o medo apoiado no outro braço e prosseguir caminhando, como ressaltaria Brecht.
Morre-se de pavor de mudar cacoetes, opiniões, certezas, repetindo automaticamente velhos e ranhetas comportamentos. Morre-se de medo de encarar as verdades da alma, no espelho da consciência, cujos reflexos nem sempre soam agradáveis ou digestivos. Medo de e enfrentar a relação puída, mas mantida apesar do visível desgaste, devido às oportunas muletas financeiras e quiçá psicológicas. A gente morre na repetição infindável de defeitos pra lá de conhecidos, nossos e dos outros, e anunciados instante após instante em nossa gestualidade e fala reveladora.
Chico Buarque já entoava em sua composição “Cotidiano”: “Todo dia ela faz tudo sempre igual, me sacode às seis horas da manhã”. Ou ainda, o seminal poeta clamava em “Construção” — de cuja música reproduzo um trecho:
“Beijou sua mulher como se fosse lógico
Ergueu no patamar quatro paredes flácidas
Sentou pra descansar como se fosse um pássaro
E flutuou no ar como se fosse um príncipe
E se acabou no chão feito um pacote bêbado
“Morreu na contramão atrapalhando o sábado”.
Vivemos rodeados por mortes commoditizadas, sem rosto nem débeis desejos.
Como se salvar de tamanha e paralítica incompetência atitudinal? Tornar-se aficionado por séries televisivas centradas em zumbis ou vampiros, como “Resident Evil” e similares. Sabe-se que os zumbis namoram a eternidade. O protótipo da infinitude, ainda que se arrastem apodrecidos por terrenos estéreis.
A gente morre de frio e de mentiras. De amor escondido e expurgado pela covardia. De afeto enrijecido e estanque. Da flor não manifesta num discurso que se pretendia doce. Poetas, filósofos, estudiosos, escritores circularam o fascínio deste tema. Na religião, os espíritas, erguem a vitoriosa e redentora bandeira da reencarnação. O rabino Nilton Bonder especula sobre a salvação na obra “A Arte de se Salvar — Sobre Desespero e Morte”. Especialistas no assunto ocupam-se, como a dra. Elisabeth Kübler-Ross, fundadora da Tanatologia (estudo científico da Morte) de auxiliar doentes terminais em suas despedidas.
O cineasta Ingmar Bergman em “O Sétimo Selo”, elege a morte como personagem central da trama. Ariano Suassuna, dramaturgo e romancista apregoa: “Tenho duas armas para lutar contra o desespero, a tristeza e até a morte: o riso a cavalo e o galope do sonho. É com isso que enfrento essa dura e fascinante tarefa de viver”.
Muita gente morre de silêncio. Não joga para fora as fecundas cirandas do coração. Morre de ódio, de inveja. E finge que estes sentimentos, tão descivilizados e deselegantes, pertencem somente aos outros. De soberba, arrogância e interjeições também se morre. E ainda quem deixa a paixão morrer no sexo e faz amor sem prazer. Como quem come uma sobremesa de nariz entupido.
Alguns poetas passeiam com naturalidade pela finitude. Pois parece que sempre há algo de romântico em dizer adeus à existência. Mário Quintana divaga: “Se vale a pena viver e se a morte faz parte da vida, então, morrer também vale a pena”.
Há gente que morre de orgulho, mas não dá o braço a torcer. Criaturas que jamais conheceram a grandeza do perdão, do abraço, da palavra sem mascaramentos.
Impossível deixar de citar também o breve excerto de Manoel Bandeira, no poema “A Morte Absoluta”: “Morrer sem deixar um sulco, um risco, uma sombra. A lembrança de uma sombra. Em nenhum coração, em nenhum pensamento. Em nenhuma epiderme. Morrer tão completamente. Que um dia ao lerem o teu nome num papel perguntem: Quem foi? Morrer mais completamente ainda. Sem deixar sequer esse nome”.
Nosso amantíssimo Drummond, traça versos em carne viva em “Os Ombros Suportam o Mundo”. Sem qualquer anestesia metafórica, declara na estrofe final deste seu poema: “Alguns, achando bárbaro o espetáculo, prefeririam (os delicados) morrer. Chegou um tempo em que não adianta morrer. Chegou um tempo em que a vida é uma ordem. A vida apenas, sem mistificação”.

sexta-feira, 30 de agosto de 2013

TESTE DO PESCOÇO


O objetivo da publicação não tem como pano de fundo nenhum tipo ou intenção de partidarismo racial, o conteúdo é fundamental para reflexão. Faça o teste e forme sua opinião sobre a questão. 

Abraços.

Jota.

Existe racismo no Brasil?  Faça o Teste do Pescoço e descubra. 

 1. Andando pelas ruas, meta o pescoço dentro das joalherias e conte quantos negros (as) são balconistas. 

2. Vá em quaisquer escolas particulares, sobretudo as de ponta, do tipo Objetivo e Dante Alighieri, entre outras, espiche o pescoço para dentro das salas e conte quantos alunos negros há . Aproveite, conte quantos professores são negros e quantos estão varrendo o chão. 

 3. Vá em hospitais, tais quais o Sírio Libanês, enfie o pescoço nos quartos e conte quantos pacientes são negros. Gire o pescoço a contar quantos médicos negros há . Aproveite para espichar bem o seu pescoço nos corredores e conte quantos negros limpam as vidraças e servem cafezinho. 

 4. Quando der uma volta em algum Shopping, ou no centro comercial de seu bairro, gire o pescoço para as vitrines e conte quantos manequins de loja representam a etnia negra consumidora. Enfie o pescoço nas revistas de moda , nos comerciais de televisão e conte quantos(as) modelos negros (as) fazem publicidade de perfumes, carros, viagens, vestuários e etc. Reflita acerca da auto e baixa estima das crianças negras e brancas. 

 5. Vá às universidades públicas, observe nos cursos mais concorridos da USP e UNICAMP, torça o pescoço a procurar pelos negros e negras. Conte. Quantos são professores, alunos e serviçais. 

 6. Espiche o pescoço numa reunião dos partidos PSDB e DEM, como exemplo, conte quantos políticos são negros desde a fundação dos mesmos. Depois faça uma reflexão a respeito de alguns partidos serem contra todas as reivindicações das comunidades negras, sobretudo as Cotas Raciais.

 7. Gire o pescoço 180° durante as passeatas dos médicos que protestam contra os médicos estrangeiros, que possivelmente irão chegar, e conte quantos médicos (as) negros (as) marcham. 

 8. Meta o pescoço nas cadeias, nos orfanatos, nas casas de correção para menores e conte quantos são brancos. É mais fácil.

 9. Gire o pescoço a procurar quantas empregadas domésticas, serviçais, faxineiros, favelados e mendigos são de etnia branca. Pergunte-se qual a causa dos descendentes de europeus ou orientais não serem vistos embaixo das pontes, em favelas, na mendicância ou varrendo o chão. Quando seus ascendentes chegaram ao Brasil? Quando terminou a Abolição? 

 10. Espiche bem o pescoço na hora do Globo Rural e conte quantos fazendeiros são negros, depois tire a conclusão de quantos são sem-terra, quantos são sem-teto. Gire o pescoço durante a exibição do programa Pequenas Empresas & Grandes Negócios e conte: Quantos empresários são negros? 

 11. Nos canais abertos de televisão, acessível à maioria da população pobre e preta, gire o pescoço nas programações e conte quantos apresentadores, jornalistas ou âncoras de jornal, artistas em estado de estrelato, são negros. Onde as crianças negras se veem representadas? Pergunte-se se esta espécie de racismo ocular é construtivo para a auto estima dos pequenos filhos de determinada etnia? 

 12. Enfie seu pescoço dentro das instituições bancárias e conte quantos negros são gerentes, quantos são caixas e quantos são faxineiros. 

 13. Vá num dos bairros mais caros de sua cidade, de seu estado, gire seu pescoço pelas ruas, dentro das casas, no comércio. Quantos negros são moradores? Quantos são seguranças e empregados domésticos ? Aproveite e torça seu pescoço nos ‘melhores’ restaurantes, quantos clientes são negros? Aliás, conte quantos ‘chef de cousine’ são negros? Pergunte-se a diferença de salários entre estes últimos e as cozinheiras de maioria negra. 

 Aplique o Teste do Pescoço no seu dia a dia, em todos os lugares, tire suas próprias conclusões. Questione-se: somos de fato um país pluricultural, uma ‘Democracia Racial’ tratados iguais e com as mesmas chances? Desde quando existe esta diferença que você viu? Procure na História do seu país, regresse 500 anos e encontre as respostas.

Fonte. http://negrobelchior.cartacapital.com.br/2013/08/06/racismo-no-brasil-faca-o-texte-do-pescoco/#comments

quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Em uma sociedade de analfabetos, ser inteligente na adolescência virou crime

O fato de alguém ser adolescente não implica carimbar o passaporte para a consumição impunível do lixo cultural — como se o cérebro do jovem permanecesse atrofiado até a maioridade



Muito já se disse sobre a adolescência. Na verdade, o entendimento desse período da formação humana tem sido um dos temas abordados amiúde por psicólogos e psicanalistas. As opiniões são as mais variadas: de “luto da infância” à correntia “fase de transformação biológica e emocional”, é possível encontrar definições para todos os gostos e tamanhos. Até um clichê já se cunhou para classificar o momento: “aborrecente” — termo usado na confluência das noções de “aborrecido” e do sujeito que adolesce.
Imediatamente, identifico dois problemas nessa situação. O primeiro, e mais óbvio deles, é que a assimilação conceitual de uma “ideia de adolescência” dá-se, em geral, por pais sem nenhum preparo científico para compreender o conceito com o qual estão a lidar. Isto mesmo: a maioria dos pais educa seus ignorando a psicologia e a psicanálise.
Logo, para pais-educadores que desprezam reflexões de ordem educativa, é natural “comprar” o ideário vendido nos livros de autoajuda — que quase nunca analisam a juventude desde uma perspectiva crítica, optando em tratá-la qual um “rito de passagem” inócuo ao mundo adulto. Isso para não falar daqueles pais extremosos que se deixam enganar por discursos oportunistas, visto que desprovidos de qualquer cientificidade, a apresentar fórmulas para “domar” a juventude — indo dos “manuais sobre como tornar seu bebê tão inteligente quanto Einstein fazendo-o ouvir música erudita mozartiana no berço até lavar o cérebro do microinfante” aos adeptos das sempre condenáveis práticas herdadas de uma tradição de violência ditatorial (a “pedagogia da palmada”). “Adolescentes”, esses livros frequentemente ensinam, são pessoas em “fase de transformação”. E é natural “ser” assim um tanto atabalhoado, um tanto desnorteado, para não dizer displicente mesmo com a própria formação intelectual. O conhecimento vulgar trata o adolescente como uma folha de papel de impressão delével, que só se começa a colorir mui tardiamente com as tintas permanentes da paleta da cultura e da intelectualização.
Obviamente, estudiosos sérios de um assunto sério, como é a adolescência, hão de repelir essas vulgaridades conceptuais. Recorrendo à historiografia, alguns mitos são facilmente degringolados. O primeiro deles é acreditar na ideia de uma adolescência anistórica e atemporal. Quem assim crê ignora que a puberdade, entendida como maturação sexual, nem sempre esteve acompanhada da “ideologia adolescente”. Adolescência é, na verdade, uma “invenção” moderna.
É nesse sentido que se manifesta Contardo Calligaris: “Nossos adolescentes amam, estudam, brigam, trabalham. Batalham com seus corpos, que se esticam e se transformam. Lidam com as dificuldades de crescer no quadro complicado da família moderna. Como se diz hoje, eles se procuram e eventualmente se acham. Mas, além disso, eles precisam lutar com a adolescência, que é uma criatura um pouco monstruosa, sustentada pela imaginação de todos, adolescentes e pais. Um mito, inventado no começo do século 20, que vingou sobretudo depois da Segunda Guerra Mundial”.
Uma vez inventado o mito da “adolescência”, passamos ao segundo dos problemas — decerto o mais grave. Trata-se da concepção segundo a qual a fase de transformações psicofisiológicas, no curso da qual o sujeito adolesce, tende a absolver toda e qualquer forma de experimentação cultural desorientada ou deficiência de formação intelectiva. Nesse prisma, o jovem estaria livre para participar das mais distintas experiências no campo da cultura — podendo até mesmo prescindir da intelectualização prematura. Em princípio, numa sociedade idealizada, não haveria problema nisso.
Poderia ser salutar ao jovem o contato com distintas influências, alargando seus horizontes de entendimento vital.
Mas o problema reside justamente nisto: não vivemos numa sociedade “ideal”. Vivemos, isto sim, numa sociedade de massas direcionada à consumição do kitsch. E a adolescência afigura-se como a vítima ingênua — e praticamente indefesa — da indústria cultural capitalista que não reclama raciocínio ou inteligibilidade.

Estupidificando a juventude

No campo da cultura produzida em escalas industriais, quando se pensa na adolescência “moderna”, no jovem da “era digital-globalizada”, descreve-se logo a imagem de um sujeito desapercebido do mais comezinho senso crítico. É que “quem está na fase de transformações” pode tudo: de dançar as músicas analfabetas de Mr. Catra a permanecer horas diante da tela da televisão consumindo patéticos melodramas novelescos (das seis, das sete, das oito, das nove, das dez horas); de ver seguidas sessões de blockbusters hollywoodianos caça-níqueis a “torcer” pelas vítimas da acefalia que participam da “nave louca” dos reality shows, tudo é “fase”, “logo passa”. Afinal, na cartilha capitalista escrita para o público consumidor jovem, “aproveitar a juventude” é expressão sinônima de “estupidificar a juventude”.
A indústria cultural, no entanto, diferentemente de boa parte dos pais, sabe o significado do mito da adolescência moderna. Ultrapassando as pretensas crises emocionais que decorrem do período, as quais são deixadas para reflexão dos psicólogos e dos psicanalistas, cuida-se logo de “empurrar goela abaixo” o estereótipo estupidificante do adolescente bestializado, um “trapo humano” jovem e insensível. Despreza-se a leitura, tida como “tarefa chata da escola”, travestindo de “poesia” os “ex-my love” da vida — como se pudesse haver perenidade artística em algo tão ruim e de criatividade equivalente a de uma bactéria anaeróbia.
No mundo da música, surge a fórmula dos astros sob a forma de boys band: rapazes de boa aparência, hábeis na dança, cantando músicas com refrões mais açucarados que refrigerante de groselha, caem fácil no gosto das adolescentes que iniciam a convivência cíclica com a menarquia. Há também as cantoras “pop” do nível de Britney Spears e Miley Cyrus, que “inspiram” toda uma geração com o seu “talento” em provocar escândalos, usados espertamente para disfarçar a limitação vocal que as torna desafinadíssimas e, portanto, inaceitáveis a quem tenha um mínimo de inteligência musical auditiva.
Em geral, a reação dos pais consiste em manter-se “equidistante” das partes no conflito (o jovem e sua formação cultural). Deixam o adolescente ser orientado pela televisão (no Brasil, a escola há tempos não constitui o núcleo fomentador intelectual da sociedade), jogando-o no way of life da “Malhação”, novela televisiva que há décadas apresenta o melodrama de jovens da classe média carioca mais preocupados com quem vão transar nas baladas do que em passar no vestibular (se é que existem universidades nesse mundo fictício do tédio juvenil). Há ainda os pais de “espírito jovem”: “Embarcam na onda” e chegam ao cúmulo de reviver (ou seria viver?) a adolescência perdida — tomada na sua conotação mais ignóbil. Ei-los, então, ao lado dos filhos, lançados ao abrigo de barracas improvisadas na porta de shows cujos artistas apresentar-se-ão dali a meses! “É só uma fase”, dizem, buscando justificar a injustificável falta de senso crítico que os leva a dar com as canastras na água. “Logo passa.”

Bullying anti-inteligência

Toda essa complacência é incapaz de esconder, contudo, a decadência cultural que daí advém. O jovem, tomado nesse plano, consome programas de TV e letras de músicas que só acentuam o já acentuadíssimo grau de analfabetismo funcional da sociedade brasileira. E a coisa não para por aí. Há também o surgimento do bullying contra aqueles que negam o estereótipo estupidificante da adolescência. Se um jovem, por exemplo, põe-se a ler as partituras eruditas, há logo de ser chamado de “anormal”, “esquisito”; sim, pois todos os seus amigos que tocam o mesmo instrumento estão a dedilhar acordes entoando versos de canções que rimam “cantar” com “amar” ou contando as “estrelas lá no céu que vão buscar”. Claro, há também que lembrar das odes aos “praieiros e guerreiros que estão solteiros” — esses heróis da tragédia pós-moderna da intelectualidade. Da mesma maneira, se o adolescente é flagrado a ler obras de Machado de Assis ou José de Alencar, tomado por uma milagrosa inteligência inata que o impulsiona incontornavelmente ao conhecimento, deve tomar cuidado ao proceder em público. Uma atitude subversiva dessa ordem, nos moldes de leitura espontânea de literatura brasileira, sem a interveniência de imposição escolar para exames ou provas, pode gerar uma série de represálias discriminatórias, que vão dos conhecidos epítetos de “CDF” ou “nerd”, pechas que nenhum adolescente sente orgulho em carregar, podendo até atingir, em casos mais graves, o píncaro da bestialidade infanto juvenil manifestada num gesto abrutalhado de agressão ao jovem intelectual. Se esse mesmo jovem admitir-se, então, leitor de filosofia, aí a liberdade de pensamento periclita: não surpreenderia ver os pais do adolescente, hipnotizados pelo mito da adolescência moderna estereotipada desde um viés estupidificante, buscar em juízo alguma medida de interdição, se possível, internando-o num manicômio judiciário, onde estará a salvo de toda e qualquer reflexão filosófica.
Mas essas consequências a que aludo são previsíveis. Em uma sociedade de analfabetos funcionais, ser inteligente na adolescência virou “crime”. A conduta deve, portanto, ser vigiada e punida, para evitar, pela disciplina do corpo e da mente, que se rompam esses grilhões, engendrando uma “revolta cultural” contra a tecnologia da alma que converteu em prisão o mito de ser adolescente contemporaneamente.
“O que estava em jogo não era o quadro rude demais ou ascético demais, rudimentar demais ou aperfeiçoado demais da prisão, era sua materialidade na medida em que ele é instrumento e vetor de poder; era toda essa tecnologia do poder sobre o corpo, que a tecnologia da ‘alma’ — a dos educadores, dos psicólogos e dos psiquiatras — não consegue mascarar nem compensar, pela boa razão de que não passa de um de seus instrumentos.” (Foucault).
Há, em conclusão, um movimento coordenado da indústria cultural voltada ao público teen. A adolescência, enquanto “invenção” moderna, é um nicho mercadológico rentável como qualquer outro. Para ela, são forjados cantores de playback que lotam estádios, romances de bruxos infantis e vampiros, revistas que elegem “o colírio” ou “a mais gatinha”. Nesse “mundo adolescente”, ser “modelo” é a profissão dos sonhos, o cinema blockbuster de Michael Bay é mais importante que o de Ingmar Bergman e é normal ser um fã histérico acampando na porta de casas de espetáculos ou um fanático religioso mirim que se predispõe, com uma bíblia debaixo do braço, a “exorcismar o mal” da humanidade sem nenhum senso crítico.
Felizmente, como sói acontecer com toda a regra, também a pubescência apresenta suas exceções. A história registra casos de grandes nomes das artes cujo talento manifestou-se ainda cedo. Isto é, na adolescência. (continua no site abaixo)

as pessoas simplesmente se esvaziam

Em 1969, o editor John Martin ofereceu a Charles Bukowski US$100 a cada mês e todo mês de sua vida com uma condição: que ele saísse de seu emprego numa agência do correio se tornasse um escritor. Bukowski, com 49 anos de idade, o fez e em 1971 Martin publicou seu primeiro livro, Post Office pela editora de Martin, a Black Sparrow Press.
Quinze anos depois, Bukowsky escreveu a seguinte carta para Martin sobre sua alegria por ter escapado de seu emprego.
Aqui vai:
12 de agosto de 1986
Olá, John:
Obrigado pela carta. Eu não acho que machuca, às vezes, lembrar como você apareceu. Você conhece os lugares de onde vim. Mesmo as pessoas que tentam escrever sobre isso ou fazer filmes sobre isso, não conseguem entender direito. Eles chamam de ’9 às 5′. Nunca é das 9 às 5, não há paradas para refeições nesses lugares, na verdade, em muitos deles, para se manter o trabalho, você nem almoça. E ,tem também as horas extras que os livros nunca contabilizam da forma certa e se você reclamar, há sempre outro sacana pra pegar o seu lugar.
Você conhece meu ditado antigo, “A escravidão nunca foi abolida, ela apenas foi estendida para incluir todas as cores”.
E, o que machuca é a consistente diminuição de humanidade daqueles que lutam para manter seus trabalhos que não querem mas tem medo que as alternativas sejam piores. As pessoas simplesmente se esvaziam. São corpos cheios de medo e mentes obedientes. A cor deixa seus olhos. A voz se torna feia. E o corpo. O cabelo. As unhas. Os sapatos. Tudo fica.
Como um jovem eu nunca acreditei que as pessoas pudessem deixar suas vidas serem levadas a essa condição. Como um velho homem, eu ainda não posso acreditar. Por que eles fazem isso? Sexo? TV? Um carro ou pagamentos mensais? Ou crianças? Seus filhos vão fazer o mesmo que eles fizeram?
Antigamente, quando eu era jovem eu ia de emprego em emprego e fui idiota o suficiente para às vezes falar para meus companheiros de trabalho: “Ei, o chefe pode vir aqui a qualquer momento e nos mandar embora, assim, você não percebe isso?”
Eles então, só olhavam pra mim. Eu estava falando algo que eles não queriam que entrasse em suas mentes.
Agora, na indústria, há demissões em massa. São demitidos centenas e milhares e suas faces são assustadas:
“Eu dei 35 anos…”
“Isso não está certo…”
“Eu não sei o que fazer…”
Eles nunca pagam os escravos o suficiente para serem livres, apenas o suficiente para ficarem vivos e voltarem para o trabalho. Eu posso ver isso. Por que eles não conseguem? Eu percebi que um banco de praça era tão bom quanto ou ficar em um bar, bom igual. Por que não chegar lá antes de me colocarem lá? Por que esperar?
Eu me lembro uma vez, enquanto trabalhava como um empacotador em uma empresa de luminárias, um dos empacotadores falou: “Eu nunca vou ser livre!”
Um dos chefes estava passando (seu nome era Morrie) e deixou escapar uma deliciosa risada, apreciando o fato de seu subordinado estar preso por toda vida.
Então, a sorte que eu tive de sair desses lugares, não importa quanto tempo tenha tomado, me deu um tipo de alegria, um sentimento de milagre. Eu agora escrevo de uma mente velha e de um velho corpo, de um tempo onde a maioria dos homens nem pensa em chegar, mas já que comecei tão tarde, eu devo pra mim mesmo continuar e, quando as palavras começarem a faltar e eu precisar de ajuda pra subir uma escada e não possa mais distinguir um pássaro de um clip de papel, mesmo assim, eu ainda sinto que algo em mim irá lembrar (não importa quão longe eu vá) como eu escapei do assassinato, da trapalhada e do trabalho duro, até pelo menos, chegar a ter uma maneira generosa de morrer.
Não haver deixado perder totalmente a vida de alguém parece ser uma realização valiosa, pelo menos pra mim.
seu garoto,
Hank

quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Um dos vídeos mais lindos que já assisti. Emocionante.

"Entre os anos 70 e 80, Marina Abramovic viveu um intensa e profunda história de amor com Ulay. A relação terminou, cada um seguiu o seu caminho. Mas em 2010, quando Marina já era artista consagrada, o Museu de Arte Moderna (MoMa) de Nova Iorque dedicou uma retrospectiva à sua obra. Nessa retrospectiva, Marina partilhava um minuto de silêncio com cada estranho que se sentasse à sua frente. Ulay chegou sem que ela soubesse, e foi assim que aconteceu..."


Marina Abramović and Ulay - MoMA 2010 por mattinnbm

sexta-feira, 21 de junho de 2013

PROTESTOS NO BRASIL

Estamos vivendo tempos interessantes no País. Por agora não da pra escrever com tranquilidade sobre o tema por conta da correria do trabalho. Mas afirmo com tranquilidade que estou muito feliz e satisfeito com o que está acontecendo. Na torcida para que continue.

segunda-feira, 10 de junho de 2013

Legião

E a vida segue.

Mais um dia.

Não, eu não abandonei e muito menos desisti do espaço. O problema também não é tempo. É internet mesmo. Estou sem internet em casa há tempos. Já estou encontrando uma solução. Enquanto não, minhas passadas por aqui ficam sendo assim, de tempo em tempo.  

Boa semana para todos.

abraços.

Jota P.

quinta-feira, 18 de abril de 2013

A FORMAÇÃO DE UM POVO

Por Lya Luft 

 A formação de um povo pode ser olhada sob vários aspectos.
Aqui eu falo da formação cultural, informação, crescimento, consciência dos direitos e deveres de quem vive numa democracia verdadeira, que se interesse por um povo formado e informado. Aqui entra primariamente a educação, que venho comentando sem conseguir esgotar, assunto inexaurível na vida privada de todo cidadão e na existência geral de um povo. É preciso ter em mente que, para os líderes, sejam quais forem, esse deve ser um interesse primordial em sua atividade. 

 A mim me preocupa a redução do nível de formação e informação que nos oferecem. Escrevi muito sobre as cotas, com que, em lugar de melhorar a educação pela base, subindo o nível do precário ensino elementar, se reduz o nível do ensino superior, para que se adapte aos que lá entram mais por cota do que por mérito e preparo, em lugar de ser, como deveria, o inverso. Com isso, nosso ensino superior, já tão carente e ruim, com algumas gloriosas exceções, piora ainda mais. 

Vejam-se os dados assustadores de reprovação, no exame da Ordem dos Advogados do Brasil, de candidatos saídos dos nossos cursos de direito. Os exames de igual caráter para egressos de cursos de medicina ainda não apresentam resultado tão incrivelmente ruim, mas começam a nos deixar alertas pois esses médicos vão lidar com o nosso corpo, a nossa vida. Estudantes de letras frequentemente nem sabem ortografia, e mais: não conseguem se expressar por escrito, não têm pensamento claro e seguro, não foram habituados, desde cedo, a argumentar, a pensar, a analisar, a discernir, a ler e a escrever. Agora, pelo que leio, parece que vão conseguir piorar ainda mais a situação, pois a meninada só precisa se alfabetizar no fim do 3º ano da escola elementar. 

Pergunto: o que estarão fazendo nos primeiros dois anos de escola? Brincando? Gazeteando? A escola vai fingir que está ensinando, preparando para a vida e a profissão? E os pais que se interessam, o que podem esperar de tal ensino? 

 Aos 8 anos, meninos e meninas já deveriam estar escrevendo direito e lendo bastante — claro que em escolas públicas de qualquer ponto do país onde os governos tivessem colocado professores bem pagos, seguros e com boa autoestima em escolas nas quais cada sala de aula tenha uma prateleira com livros doados pelos respectivos governos, municipal, estadual ou federal, interessados na formação do seu povo. Qualquer coisa diferente disso é ilusão pura.

 Não resolve enviar centenas de jovens ao exterior ou trazer estudantes estrangeiros para cá, se a base primeira do ensino é ruim como a nossa, pois não adianta um telhado de luxo sobre paredes rachadas em casas construídas sobre areia movediça. Como não adianta dar comida a quem precisaria logo a seguir de estudo e trabalho que proporcionasse crescimento real, projetos e horizontes em lugar da dependência de meninos que não conseguem largar o peito materno mesmo passada a idade adequada. O que vai acontecer? 

Com certeza vai se abrir e aprofundar mais o fosso entre alunos saídos de escolas particulares que ainda consigam manter um nível e objetivo de excelência e a imensa maioria daqueles saídos de escolas públicas ou mesmo privadas em que o rebaixamento de nível se instalar. Grandes e pequenas empresas e indústrias carecem de mão de obra especializada e boa, milhares de vagas oferecidas não são preenchidas porque não há mão de obra preparada: imaginem se a alfabetização for concluída no fim do 3o ano elementar, quando os alunos tiverem já 8 anos, talvez mais, quando e como serão preparados? Com que idade estarão prontos para um mercado de trabalho cada vez mais exigente? Ou a exigência também vai cair e teremos mais edifícios e outras obras mal construídos, serviços deixando a desejar, nossa excelência cada vez mais reduzida? 

 Não sei se somos um povo cordial: receio que sejamos desinteressados, mal orientados e conformados, achando que é só isso que merecemos.

 Ou nem pensando no assunto.

Mensagem para todos os dias.


segunda-feira, 8 de abril de 2013

Tempo

Sinto que estamos vivendo em tempos de esquizofrenia total. O tempo já não é suficiente para o próprio tempo. 

Ok, calma lá. 

 Agimos sobre o tempo ou o tempo age sobre nós? 

Afinal, quem está no controle? 

Vejo muita gente delirando sobre o tempo, afirmando que as 24 horas já não são suficientes para realizar as tarefas diárias. 

 Se parar por alguns instantes e observar calmamente, perceberá que vivemos sempre no amanhã. Quem nunca disse: 

 "Preciso adiantar essa situação hoje para não enrolar amanhã" 

"Farei este hoje e esse outro deixarei para começar amanhã" 

"Amanhã eu faço"

 "Amanhã eu termino" 

 Eis que surge a dúvida cruel: Como temos certeza que estaremos aqui amanhã para terminar ou dar continuidade? 

 Para reforçar e dar maior sustentação nessa breve reflexão sobre o tempo, trarei o pensamento ex Jurista e ex Professor, Fábio Konder Comparato: 

 " Nunca estamos aqui e agora, mas sempre além. O temor, o desejo e a esperança nos impelem para o futuro e nos arrebatam o sentimento e a consideração do que é para nos entreterem com o que será, até mesmo quando já não mais existirmos " 

 Trabalhar sob pressão com a famosa afirmação "é pra ontem", é doentio ao extremo. Assim como Rubem Alves advertiu, faço de suas palavras minhas. 

 " A vida é hoje " 

 Portanto, faça hoje o que for necessário somente. Todo hoje pode ser nosso último dia. Embora hoje possa ser um dia de muito trabalho, hoje também é dia da família, dia dos amigos, dos amores e, principalmente, de viver a vida em abundância. Você faz o seu tempo, aproveite-o da melhor forma possível. 


Dúvida cruel: o homem frouxo ou o canalha?


Por Xico Sá 

Uma velha questão sempre discutida aqui nas noites da taverna voltou à baila, quando Carol, vestida nas suas calças vermelhas e com teses da mesma coloração, pediu a palavra:

“Pois saibam todos vocês: prefiro um bom canalha a um homem frouxo.”
A sentença da paulistana, sem deixar um farelo de dúvidas sobre a mesa repleta de bebidas e acepipes, fez com que alguns de nós levássemos a mão ao queixo, como se todos virássemos, naquele instante, ingênuos pensadores de Rodin. Pense!
“E querem saber mais? Só existem esses dois tipos mesmo de homem!”, arretou-se a dama.

A frase nem era para tanto, mas saiu tão afirmativa, tão sem dúvida ou vacilo, tão incendiária, que balançou até a plaqueta do “Fiado só amanhã” do boteco. A coisa fica forte conforme ela é dita, digo, conforme as labaredas do discurso.

Na boca de mulher bonita, então, vira imediatamente certeza absoluta.Essa capacidade que elas têm de acordar as mesas e fazer balançar, qual ventania mal-assombrada, as garrafas de cachaça com raízes ou cobras -sim, no botequim sem nome de ontem, na Bela Vista, havia aquelas garrafas envenenadas.

Carol se apegou ao recurso do conhecimento de causa, ao saber da rotina, à jurisprudência amorosa da sua trajetória.

“Pois saibam todos vocês: prefiro um bom canalha a um homem frouxo.”

O cearense dono do estabelecimento parou as suas atividades para ouvir a moça. A mulata da Vai-Vai também se ligou no discurso. Uns vagabundos deram pitacos. Como uma frase dita de forma convicta pode virar um Pentecostes em um simples pé-sujo de San Pablo.

Ela não repetiu a frase, não carecia, a frase ecoava como uma sentença romana e voltava a balançar as garrafas, a mexer com os presentes, os vivos e os que por ali passavam àquela altura.

O canalha, concluímos, sem que ela dissesse mais nada, merece mais respeito porque é mais explícito, a mulher já entra na história sabendo, e ainda pode ter momentos líricos, passionais, bonitos, pois todo canalha é, no fundo, um devoto, ajoelha-se diante de uma fêmea como um romeiro diante do seu santo predileto.

O frouxo representa, sem nenhum distanciamento, a maioria dos homens contemporâneos e o chove-não-molha da hora, o homem-de-Ossanha, aquele que diz vou e não vai, o indeciso, o confuso, melhor, o “cafuso”, como dizia o velho Didi Mocó.

O fraco não se apresenta para valer no jogo, titubeia, faz que vai e acaba não “fondo”, como dizia, no seu genial futebolês, o Dedeu, um desses tantos macunaímas da bola, cearense que brilhou (pelo menos na prosódia) no Clube Náutico Capibaribe.
Triste escolha essa: o canalha ou o homem frouxo.Pobre dicotomia alcóolica.

O mundo é bem melhor que isso, não acha, amiga?
Só sei que nada sei sobre esse assunto, como diria o grego complicado. Melhor ainda, como diria 
Roberto Carlos das antigas: “Só agora eu sei, o que aconteceu/quem sabe menos das coisas/sabe muito mais que eu!”


O comentário abaixo foi extraído dos comentários relacionado ao texto

"A mulher busca o homem que desperta nela as experiências mais intensas. Desejo, mistério, aventura, dúvida, drama, tesão. Uma montanha russa de emoções, altos e baixos, imperativos e indefinições, ondas e ressacas do mar do amor que quebram no peito da donzela e lhe tiram o fôlego. Geralmente que faz isso é o canalha, homem de coragem, anti-herói vulnerável que dá a cara pra bater, corre riscos, é imprevisível, sensível, ousado, direto e tarado. A mulher sabe que o canalha é hiperbólico, misterioso, contraditório e muitas vezes mentiroso, e mesmo identificando as mentiras do canalha, a mulher prefere fazer vista grossa e ficar com ele a ter que conviver com o marasmo do frouxo, o ser cinza e inerte que não faz nem uma marolinha no coração da mulher. O canalha acende a chama na vida da mulher. Às vezes a mulher se cansa e casa com o frouxo, quer paz, estabilidade, previsibilidade. Mas gozar gostoso, só mesmo com o canalha" 


segunda-feira, 25 de março de 2013

Nas Alturas


26 anos e muita adrenalina, esse é Mustang Wanted ou Spider-Man, como ultimamente vem sendo chamado. Um garoto que desde pequeno tomou gosto pelos esportes radicais e hoje é responsável por deixar as pessoas com aquele “frio na barriga”, isto porquê, o moço resolveu que sua diversão é subir em altas estruturas, pendendo-se de um lado para o outro, nas pontas dos pés. Tudo para garantir as melhores imagens e o privilégio da visão de um pássaro. 

 Medo de cair? Mustang conta que prefere morrer ao sofrer uma lesão que poderia acabar com sua “skywalking” carreira. De flexões no alto de uma torre de metal a cerca de 300 metros de altura, ou então pendurado em um guindaste de 150 metros suspenso no ar. Isso seria o suficiente para deixar a maioria das pessoas com as mãos suadas. No entanto, o jovem diz: 

 “Às vezes acho que sou um robô. Eu não sinto nada. Minha única preocupação real é ser pego pela polícia”. 

 As imagens são incríveis, no entanto não aconselho ninguém a se aventurar dessa forma, o perigo existe e qualquer deslize, a visão poderá ser encarada de outra forma. Agora, deixo você com belas imagens, além de um vídeo que mostra uma das aventuras do nosso Spider-Man. Enjoy!

 

 Fonte. 

 http://misturaurbana.com/2013/03/mustang-nas-alturas/

Um veterano da Guerra

Nos 10 anos da invasão iraquiana, o ex-soldado e ativista Tomas Young anuncia seu protesto mais contundente: o suicídio.

   

 Tomas Young tinha 22 anos quando se alistou no exército americano. Foi dois dias depois dos ataques às Torres Gêmeas, em 11 de setembro de 2001. Tomas, que era de Kansas City, não foi o único jovem a tomar essa decisão naquele momento. O que ele não contava é que, menos de três anos depois de ingressar na corporação, fosse parar no Iraque. No dia 4 de abril de 2004, seu comboio foi atacado por insurgentes na cidade de Sadr. Uma bala de um rifle AK-47 se alojou em sua espinha e outra em seu joelho. Ele nunca mais pôde andar – e, por causa de complicações gradativas, acabou tendo os demais movimentos comprometidos, entre outros problemas. Hoje sobrevive graças aos cuidados de mulher, Claudia Cuellar. O acidente transformou Young num dos mais contundentes ativistas contra a Guerra do Iraque. Em 2007, sua história foi contada no documentário Body of War, que mostra de maneira crua seu dia-a-dia. Tomas Young está com raiva de George W. Bush e vai se vingar. Como? Se matando. Ele anunciou que quer morrer em abril ou maio. Nas próximas semanas, vai parar de tomar medicamentos e abrir mão da alimentação parenteral. Disse que a deterioração de seu corpo o impede de fazer de outro jeito e que não quer que sua mulher participe diretamente desse ato – ministrando uma overdose de pílulas para dormir, por exemplo. Claudia, assim como as pessoas próximas do casal, apoia a decisão. “Quando eu partir, quero estar alerta e consciente”, afirmou para o jornalista Chris Hedges. “Quem quiser pode me ligar para se despedir. É uma maneira mais justa de tratar as pessoas do que deixar uma nota de suicídio”. Na verdade, ele deixou mais que uma nota: uma carta aberta endereçada a Bush e seu vice Dick Cheney, de um “veterano que está morrendo”. Young os acusa de “crimes de guerra colossais, pilhagem e finalmente assassinato.”



 Eis alguns trechos: 

 Eu escrevo essa carta em nome de maridos e mulheres que perderam seus entes queridos, em nome das crianças que perderam seus pais, em nome de pais e mães que perderam filhos e filhas. Eu não estaria escrevendo esta carta se tivesse sido ferido em combate no Afeganistão. Eu não teria que ficar na minha cama, o meu corpo cheio de analgésicos, minha vida desaparecendo, e lidar com o fato de que centenas de milhares de seres humanos, incluindo crianças, inclusive eu, foram sacrificados por vocês pela ganância de companhias de petróleo, por sua aliança com os xeques do petróleo na Arábia Saudita, e por suas visões insanas de império. Eu não entrei no exército para ir para o Iraque, um país que não teve participação nos ataques do 11 de Setembro e não era uma ameaça a seus vizinhos, muito menos aos Estados Unidos. Eu não entrei no exército para para “liberar” iraquianos ou desativar fábricas fantasiosas de armas de destruição em massa ou para implantar o que vocês cinicamente chamaram de “democracia” em Bagdá ou no Oriente Médio. Nós fomos usados. Nós fomos traídos. Nós fomos abandonados. Você, senhor Bush, se diz um cristão. Mas mentir não é pecado? Matar não é um pecado? Roubo e ambição egoísta não são pecados? Eu não sou um cristão. Mas eu acredito no ideal cristão. Eu acredito que o que você faz para o menor de seus irmãos você faz para si mesmo, para sua própria alma. Meu ajuste de contas está por vir. O de vocês vai chegar. Espero que vocês sejam levados a julgamento. Mas, principalmente, eu espero que vocês encontrem a coragem moral para enfrentar o que fizeram para mim e muitos outros que mereciam viver. Espero que antes que seu tempo na Terra termine, como o meu está agora para terminar, vocês encontrem a força de caráter para estar diante do público americano e do mundo, e em particular do povo iraquiano, e implorar por perdão.

Fonte. 

http://diariodocentrodomundo.com.br/um-veterano-do-iraque-se-vinga-de-bush/

quarta-feira, 20 de março de 2013

coisa de criança


Humanidade

O homem sonhou tanto em ter asas para voar que criou o avião. Porém, sem nenhuma compaixão corta as asas de quem  naturalmente nasceu para voar.



Uma dose de Kant


"O que os objetos são, em si mesmos, fora da maneira como a
nossa sensibilidade os recebe, permanece totalmente
desconhecido para nós. Não conhecemos coisa alguma a não
ser o nosso modo de perceber tais objetos – um modo que nos
é peculiar e não necessariamente compartilhado por todos os
seres…"

— Kant.

terça-feira, 19 de março de 2013

Som da chuva

Talvez esse tipo de prazer não seja unanime. Dormir com barulho da chuva no meu caso faz a qualidade do sono melhorar muito. No vídeo abaixo podemos curtir esse prazer até num dia ensolarado. 

Sons da Natureza

Seria uma tremenda bobagem  de minha parte tentar explicar. Ora, emoções e sensações são individuais, é muito íntimo em cada um. Àqueles que gostarem, aprecie sem moderação.

quinta-feira, 14 de março de 2013

Cortar o Tempo

"Quem teve a ideia de cortar o tempo em fatias, a que se deu o nome de ano,
foi um indivíduo genial. Industrializou a esperança, fazendo-a funcionar no limite da exaustão.
Doze meses dão para qualquer ser humano se cansar e entregar os pontos.
Aí entra o milagre da renovação e tudo começa outra vez, com outro número e outra vontade de acreditar que daqui pra diante vai ser diferente"