quarta-feira, 2 de agosto de 2017

Laerte-se


Há muito já havia visto a divulgação do documentário da Laerte. Num primeiro instante não me chamou muito atenção por compreender o conteúdo. O que de fato me chamou atenção foi uma situação que ocorreu em mim. A Laerte (este é o devido tratamento. sim, no feminino) fora entrevistada no programa do Pedro Bial. Por algum acaso acabei vendo na rede social algum vídeo da chamada dessa entrevista. Não sei explicar a razão, mas senti algum desconforto ao ver aquela cena. Embora poderá parecer "normal" para alguns e assustar a outros, havia na minha mente o seguinte pensamento: E esse cara vestido de mulher, que isso? Conhecendo a mim pude notar que não é ou era algum preconceito (compreendendo aqui a acepção do termo). E porquê não seria preconceito de sua parte? Por uma simples razão: Sou esclarecido, isso põe ponto final a qualquer objeção que possa intentar a tal respeito. Ainda assim, me indicou que eu devia assistir ao documentário para entender aquilo que minha mente havia questionado. Pois bem, no final de semana decidi que veria o documentário, o fiz. Constatações - a Laerte é uma cartonista brilhante e respeitada em seu meio. Depois, sua inteligência salta da tela direto para nossa consciência. Por último e não menos importante que as anteriores - O, sempre teve consciência desde o princípio que era A Laerte. Fim do documentário.

No mais sobram aquelas discussões chatas de que A+B não pode ser igual a Y e etc.

Particularmente adorei o documentário pela sensatez. E o trocadilho caiu feito uma luva:

Liberte-se. 


O que depreendi do pensamento que tivera antes? Somente uma tontice que se dissipou durante o documentário.

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O tempo não explica pra onde se leva a dor
E na memória as marcas me escondem o teu amor
Amor que me liberta de quem ainda sou
E me devolve o que um dia o passado aprisionou

Como será que você me vê?
Onde será que estou pra você?
Será que sabe o quanto já tentei?
E mais uma vez tentando eu falhei?
Será que mora em algum lugar?
Onde minha voz consiga alcançar.
Ter a alguém que possa me encontrar?
E mostre por onde eu devo caminhar.

A vida vai passando
Sem lhe avisar quem sou
E no teu peito eu vejo o que o tempo silenciou
E nos cabelos brancos de quem já se cansou
Eu sigo do lado de fora da porta que me deixou

Como será que você me vê?
Onde será que estou pra você?
Será que sabe que te vi crescer?
E o tempo não pode me envelhecer?
Em que lugar você me colocou?
Em uma estante ou no retrovisor?
Como dizer que não há ninguém?
Se eu me entreguei pra te fazer alguém.

A vida vai passando sem avisar quem sou.

Quando sóis sós.






O título é tão somente sobre aquela condição em que nós nos encontramos a sós (ah! essa ambiguidade adorável da nossa língua). Quando não escapamos daquele encontro que nos faz refletir na mais profunda intimidade sobre nós mesmos. Como é bastante usual nos diálogos atuais: Quem nunca? 

A diferença é a que maioria de nós mantém esses detalhes encobertos. Nesse tempo onde a superficialidade sobressai em razão da dinâmica que as redes sociais nós impões, mesmo que de modo inconsciente. Ou seja, quando não a percebemos. E qual dinâmica seria essa?
É aquele substantivo que já garantiu incontáveis livros e receitas que, nenhuma delas (es), garantiu-nos algum resultado que possa ser aplicado a todos de igual modo como seus manuais indicam: Felicidade.


A ideia ou ideal de felicidade plena parece-me o engodo da existência humana. É impossível haver um estado de satisfação incessante. O desprazer é o equivalente para compreensão da existência. Exemplifico de modo simples: Para que nos serviria a água se não houvesse sede? Embora possa parecer óbvio, deixo-lhe um conselho: Não repare. Reflita. 

As redes sociais não foram constituídas para serem muros de lamentações, ao contrário, elas ali estão para amplificar nossos melhores momentos, mesmo que nem sempre reflitam nosso verdadeiro estado de espírito. Em alguma postagem anterior a esta há um vídeo que evidencia o que acabo de afirmar de forma bem objetiva. Clique no Link - De se PEnsar

Mesmo que não estejamos acostumados a pensar sobre este detalhe, a todo instante alguém está nessa conexão consigo mesmo. Afinal, quem não tem problemas, aflições, medos, receios ou dúvidas? Estamos tão acostumados com o que nos foi e é sugerido que quando alguém foge à regra, as pessoas agem de modo a não compreender que o outro está querendo dizer. Isso é bastante visível em rede social, quando alguém está num estado mais enfraquecido e acaba deixando escapar numa publicação suas dificuldades ou aflições diante de alguma situação penosa que a vida às vezes o impôs. Nessa circunstância há três tipos de reações. A primeira, é a zoeira propriamente dita: "Fulado (a) está com frescura". "Fica assim não, migo (a)". "Está apaixonado". Segundo, os rebatedores. Que são aqueles que oferecem ou um apoio moral ou se contrapõe ao conteúdo numa espécie de tentativa de injetar um ânimo, ambos sempre dispostos a mostrar que existem outros caminhos. E o terceiro, observadores. São aqueles que sempre estão lendo mas nunca optam por qualquer intervenção. 

Fato é que cada vez temos visto mais essas manifestações em redes sociais e tem, em muitos casos, nos faltado compaixão. "Quando sóis sós" e sentimos uma necessidade inexplicável de exprimir aquilo publicamente, significa entre tantas outras coisas que somos portadores de humanidade. Por mais que o mais otimista dos homens não admita, em seu íntimo ele sabe quais são suas mazelas e como é viver na sua própria pele. O que não se pode de modo algum é ignorar nossa frágil natureza e vestir esse manto da hipocrisia que supõe uma tal "felicidade plena", atendendo a postura narcísica que nos solicita as redes sociais. Façamos desse espaço também para refletirmos sobre o lado B da vida. Embora não seja nosso costume admitir é intrínseco, essas ondulações são da própria vida e não devemos ignorá-las em nome de falso sentimento de que tudo sempre está bem. 

P.S  Meu ponto de vista sobre a felicidade, sigo integralmente Freud, que afirma:

"A felicidade é um problema individual. Aqui, nenhum conselho é válido. Cada um deve procurar, por si, tornar-se feliz".
Por hoje é isso! 

terça-feira, 1 de agosto de 2017

Avesso Bíblico


No inicio já havia tudo.

Mas Deus era cego e, perante tanto tudo, o que ele viu foi nada. 

Deus tocou a água e acreditou ter tocado o oceano. 

Tocou o chão e pensou que a terra nascia sob teus pés.

E quando a si tocou ele se achou o centro do universo
Se julgou divino 

Estava criado o homem.

Mia Couto

terça-feira, 16 de maio de 2017

Blog Music





Veja bem, tudo vai dar certo
É só acreditar em quem
Conhece o fim de perto
Pra discenir cores vibrantes
E enxergar o que não via antes

Veja bem, o sol é tão distante
Mas posso ver a cor que dele vem
Do vermelho do horizonte
E discenir a etenidade
A me envolver num fim de tarde

E sentir-me parte do universo
E viver além de pobres versos
Ver no mistério, o paralelo
Da eternidade começando aqui
Dentro de mim, dentro de mim

Veja bem, nada faz sentido
Se todas as respostas que encontrei
Revelaram os motivos
Onde há razão tudo é concreto
Se tenho fé, resta o deserto

E sentir-me parte do universo
E viver além de pobres versos
Ver no mistério, o paralelo
Da eternidade começando aqui
Dentro de mim, dentro de mim

sexta-feira, 14 de abril de 2017

A realidade virtual como espelho do nosso vazio contemporâneo

Com título tão profundo deixo a impressão que irei produzir uma tese nos moldes daqueles textos atemporais dos filósofos clássicos. Não, eu não sou tão pretensioso assim. Minha reflexão tem objetivo simples, serão apenas alguns lampejos de pensamentos que me surgiram nesse exato momento.

É possível verificar de modo a não sermos traídos pelos nossos pensamentos que a sociedade atual está totalmente desregulada. Se é que podemos afirmar (tenho dúvidas) que em algum período da história tenha sido. Embora tenhamos à disposição a mais alta tecnologia com todas ferramentas necessárias e conhecimentos suficientes para transformação do mundo são notáveis duas questões fundamentais: Primeira, o grosso da nossa sociedade não faz ideia do poder que temos em mãos. Segundo, aqueles que estão no topo da pirâmide tem por décadas impedido nosso acesso às ferramentas de transformação objetivas. Antes de adentrar ao tema que especificamente pretendo, permita-me uma provocação. São elementares três pilares para manutenção equilibrada de uma sociedade justa: Social, educacional e econômico. São indissociáveis, sabemos. A provocação: A quantas anda nosso Brasil nesses campos, porque estamos onde estamos? É um quebra-cabeças importante de se montar. Passo a seguir ao tema.

O advento das redes sociais têm nos permitido notar objetivamente cada vez mais aquilo que já havia sido elaborado há mais de 40 anos (falo especificamente do Brasil). Lembro-me de ter lido há alguns anos uma publicação sobre Psiquiatria onde um grupo de médicos (brasileiros) apontavam o século 21 como sendo o século da depressão. Providencial! Não por acaso a OMS (Organização Mundial da Saúde) escolheu o ano de 2017 para o tema: Depressão. Nossas dúvidas ainda são muitas: Que mal é este e porque tem cada vez mais nos atingido de forma tão profunda? Como sondar uma doença invisível? Como tocar uma estrutura intangível, como atingir a doença que nos silencia? Vivemos num modelo de sociedade (e quando aqui digo modelo afirmo categoricamente que são regras e normas estabelecidas por nós, que são passíveis de modificação) onde o tempo para dedicação a nós é ínfimo, quase não temos tempo. Cada vez mais temos individualizado nossas relações, estamos no cada um por si, no modelo em que o outro é visto como meu concorrente e é preciso vencê-lo. Estamos cada vez mais desamparados, perdidos, sem norte para solução das nossas angústias. Esse sistema que nos rege obrigou-nos a não refletir mais sobre a vida. Sofremos diariamente todos os tipos de violência que já conseguimos catalogar ao longo dos tempos. A vida que deveria ser ao contrário está sendo um fardo pesado demais. Há quem queira nos convencer que a vida é assim. Será? Ou seria a vida o resultado da experiência, um espelho do nosso convívio? Será mesmo que a razão de tantas pessoas tirarem a própria vida estaria ligada ao fato de ser uma questão pessoal sem possibilidade de influência externa? Jamais! Sempre estará ligado ao fator externo. Lembremo-nos aqui que falo de ligação e não de culpa. Como disse inicialmente, as redes sociais têm sido e é um espaço onde se pode notar as expressões mais claras do nosso vazio existencial. Ali depositamos por vezes nossas angústias, nossos excessos, nossas dores, nossas faltas. E por que ali o fazemos? Por vezes podemos nos flagrar dizendo: Fulano só reclama na rede social, nunca está satisfeito. Parou para imaginar que talvez este mesmo fulano nem se dê conta que está subjetivamente, quero dizer - por outros meios, solicitando alguma ajuda? Que possa ter tentado por outros meios e não tenha conseguido uma resposta positiva. Num mundo tão insensível, indiferente e individualista como este, quem quer dizer objetivamente que está se sentindo mal, para baixo, triste ou sendo mais específico, com depressão? Isto para ouvir que ele está com frescura, que não é nada? Quem está doente e encontra forças para pedir ajuda não quer ouvir isso, acredite. A depressão sendo a segunda maior causa de mortes no mundo e a terceira maior causa de mortes no Brasil deve ser considerada e levada a sério. A rede social é um espelho desse nosso vazio em dois claros contrastes: Primeiro no não obvio mas suspeito excesso de exposição de felicidade, como se quisessem nos convencer da possibilidade de uma vida plenamente feliz. Tudo bem, a rede social nos impede agir desse modo. E segundo, a insatisfação propriamente dita. Os conteúdos negativos, aqueles que podem nos irritar pela frequência. Mas não podemos confundir depressão com a tristeza comum que todos sentimos e que são da própria da vida e aflige a todos de igual modo. Entretanto, não podemos negligenciar os indícios da depressão. Pois ela é bem assim sorrateira, vem se instalando e nos silenciando aos poucos. Todo cuidado é pouco.

A Era da Depressão. Jornal Médico Brasileiro, 1978

No século da velocidade vivemos como se fossemos numerados, vacinados, condicionados a pensar e a executar atos como autômatos. Cada vez mais o homem se sente só. Desprotegido, incompreendido e inseguro. Há falta de segurança para andar na rua, para viajar, para trabalhar, para se divertir, para permanecer em sua própria casa. O homem vive com medo. Porque além disso, o que é pior, perdeu a fé. A fé em si próprio, a fé nos companheiros, a fé em Deus. 

segunda-feira, 3 de abril de 2017

domingo, 2 de abril de 2017

O Sentido da Vida. Por Dr. Enéas Carneiro

Embora tenha sido transformado numa figura folclórica por aqueles que o temiam, suas exposições sempre me foram lúcidas, claras e perfeitamente compreensíveis. O riso em razão de sua forma peculiar de se expressar nunca foi por parecer cômico, mas pelo embaraço que sentimos diante de alguém com intelecto tão impar. Imagino um cafezinho com Dr. enquanto pudesse ouvi-lo divagar sobre vida!


 

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Observemo-nos


Chico Xavier - 2/04/1910

"Aquele que diz permanecer nele, deve também andar como ele andou." João (I João, 2:6)


Há quem afirme viver com a bondade de Jesus e não hesita em atirar-se contra os semelhantes, através da maledicência e da crueldade.
Há quem assevere compreender o otimismo do Divino Mestre e não vacila em concentrar-se nas sombras do pessimismo e do desespero.
Há quem proclame a fraternidade do Cristo, incentivando a separação e a discórdia.
Há quem exalte o trabalho incessante do Senhor na extensão do bem, acomodando-se na rede da preguiça e do comodismo.
Há quem louve a simplicidade do Eterno Amigo, complicando todos os problemas da estrada.
Há quem glorifique a paciência do Sublime Instrutor, agarrando-se ao pedregulho da agressividade e da intolerância.
Se nos confessamos aprendizes do Evangelho, observemos os nossos próprios passos.
Lembremo-nos de que o nome de Jesus está empenhado em nossas mãos.
Assim compreendendo, afeiçoemo-nos ao Modelo Divino.
Quando o apóstolo nos declara: - "aquele que diz permanecer nele, deve também andar como ele andou" -, deseja naturalmente dizer: - "quem se afirma seguidor de Jesus, decerto deverá imitar-lhe a conduta, buscando viver na exemplificação em que o Mestre viveu".
XAVIER, Francisco Cândido. Fonte Viva. Pelo Espírito Emmanuel. FEB. Capítulo 167.

sábado, 1 de abril de 2017

Antemanhã

Quando se trata de escrever sobre meus pensamentos prefiro a madrugada. Sinto-me mais ligado a mim, mais próximo do que posso me alcançar na intimidade. Mas nem sempre é possível exatidão nesse sentido. Há dias em que mente atormenta e as palavras não conseguem traduzir os pensamentos. Isto sem dizer quando sem nos darmos conta retemos, quero dizer, resistimos.
Ah, Dr. Freud, se não fosse o senhor, como saberíamos desses mecanismos?

Bom, me deixe tentar desenvolver algo! Tentarei organizar algumas poucas ideias sobre abnegação ou como se diz no popular: Desapego! Primeira conclusão - como é difícil renunciar, como é difícil desistir de algo, como é. Vou dividir em duas partes a questão sempre respeitando suas variedades.

 1 - Imaterial

 2 - Material

Primeiro, o imaterial para mim deve sempre aparecer em primeiro plano, pois esta dificuldade se apresenta desde o princípio da vida. Falo precisamente daquilo que pode nos incomodar nas mais diversas instâncias e é difícil de identificar por se tratar de uma questão interior e diversa, ou seja, impalpável. Diferentemente da segunda, o material, daquilo que é externo e de razoável dificuldade para identificação. Embora sejam situações claramente distintas me parece bastante razoável que o incômodo pode nos atingir de igual modo.

Para organizar melhor exemplificarei:

Uma criança que seja acometida por um febre insistente sem razão aparente, uma reação comum, sintoma indicando que algo não está certo. As causas podem ser muitas, naturalmente. Mas há um tipo comum pela qual talvez até nós mesmos já tenhamos passado (provavelmente) quando crianças. Uma febre desencadeada por uma vontade não satisfeita de comer algo ou um brinquedo, o que é muito comum. Nem sempre é possível compreender. Às vezes a criança viu algo e se encantou tanto e a não satisfação daquele desejo pesa de tal modo que vira febre. Por estarem em processo de desenvolvimento é comum e por não terem condições de comunicação tanto quanto, embora todo cuidado seja indispensável. Um outro exemplo é quando a família tem um animal de estimação e ele desaparece. Quem tem animal em casa sabe o drama que é, nem preciso aprofundar. Situações assim nos atingem indiscriminadamente. Os exemplos aqui são questões de causa material, mas é perfeitamente possível ocorrências de natureza imaterial em crianças, mas não vem ao caso aqui. 

Exemplo dois.

Adultos, e aqui naturalmente me incluo. Confesso que, às vezes, tenho certa dificuldade em lidar com certas situações imateriais. Com material não tenho um apego tão exagerado às coisas. Tá bom, meus livros! Tenho um tanto de cuidado com eles, porém não sou extremado. Só não toque neles de qualquer modo! hahahahaha. Creio que nós adultos somos mais vítimas do imaterial, da questão afetiva propriamente dita. Minha relação com afeto não é das melhores, preciso admitir. Mas é uma situação que há tempos tenho trabalhado com muito cuidado. É sempre importante trabalhar o equilíbrio. Nada em excesso é saudável, o que pode indicar alguma questão na seara psicológica. Pois como bem disse o "poeta" Thiaguinho: "Água demais também mata a planta". Por vezes sofremos por excessos desnecessariamente. Geralmente casos assim ocorrem quando vamos além dos nossos limites, quando atravessamos nossas fronteiras e, o que era para ser prazeroso, pode tornar-se uma fonte inesgotável de desprazer. Sobretudo quando estamos deslocados da realidade e despreparados para lidar com a situação. Falo aqui sobre aquilo que sabemos sentir mas não conseguimos nomear, ou quando sabemos o que é e não compreendemos o porque nos afeta tanto. Todos nós temos nossas fraquezas, nossos pontos fracos. Tudo é muito plural e singular ao mesmo tempo.

Nenhum ser é impermeável ou imune ao afeto (porque ele é parte integrante de mim), basta uma frestinha aberta de aceitação e algumas palavras podem nos tirar a paz por tempo ilimitado e nos causar graves prejuízos. Por esta razão precisamos constante nos renovar interiormente, desapegar-nos de certos sentimentos e comportamentos, fortalecer-nos interiormente.  Descredenciar sentimentos que podem nos aprisionar às pessoas de uma forma não saudável, que pode nos apequenar diante de alguma situação ou até mesmo nos isolar. Devemos mitigar gradativamente nossos excessos e apresentar nossa renunciar àquilo que pode nos escravizar de algum  modo. Seja um relacionamento onde você sente-se sozinho, onde sua presença já não é apreciada ou até mesmo aquele apego a coisas materiais. Sei que não é simples e nada acontece do dia para noite, mas se é necessário fazê-lo a hora é agora. Amanhã sempre deixo para depois, mas o que necessário fazer agora que o façamos imediatamente. Quando os primeiros resultados aparecem ficamos incrédulos com poder que temos sobre nós mesmos e acabamos por descobrir que o outro quase nunca tem toda essa influência sobre nós como imaginamos. Digo-lhe, à medida em que for assertivo tomará novamente as rédeas de sua vida e lembre-se: Quem alcança um objetivo sempre vai além dele.

 É isso!

terça-feira, 28 de março de 2017

Essencialidade

Não é prudente a partir de uma experiência pessoal determinar que um ponto crucial para nós serve de estrada ou significado de igual modo para todos. Como se assegurasse que aquilo que faz sentido para mim num determinado momento deve naquela circunstância também fazer sentidos a todos como se fosse uniforme, não é. Depois desse indispensável adendo, vamos a questão.

A essencialidade me chega como uma ruptura, um deslocamento, uma mudança que provoca uma  inegável transformação. Comigo ela se apresenta pelos caminhos da aceitação, cheia de desconforto e descontentamento. Como se algo me dissesse: Você não é mais o mesmo e está insistindo num modelo ultrapassado de si mesmo, é hora de encarar que você tornou-se outro. Aceitar que não gosto mais de ir num determinado lugar, de participar de determinadas festividades. Que gosto da solidão, embora minha negação a este respeito acaba por vezes transformando esse prazer em sofrimento. O essencial é uma desconstrução, uma realocação onde se faz necessário dispensar aquilo que não faz mais sentido, que ocupa o espaço de novas experiências. O avançado do tempo não me permite continuar a desbravar a vida com mesma configuração, é preciso aceitar que novas experiências estão batendo à porta pedindo repouso. Chegamos num ponto em que não conseguimos mais viver de prazeres efêmeros e superficialidades. O valor da imaterialidade ganha espaço em nós ao percebermos que este tempo que temos até o fim da nossa existência não é tão calculável o quanto se aplica em teses. Cheguei no ponto onde consigo perceber que devo cada vez mais dedicar meu tempo, meu amor, minha atenção àquilo que verdadeiramente importa. A foi essa pergunta que me fiz, o que verdadeiramente é importante para você? Descredenciar uma a uma as banalidades e superficialidades que em minha concepção eram importantes foi e está sendo penoso. Como é difícil desistir e aceitar aquilo que incorporamos de forma tão profunda em nós. Atribuir valor a outrem mais do que a mim mesmo, permitir ser descartável ou, até mesmo um utilitário para o outro. E aqui digo com toda convicção, para muitas pessoas somos apenas um meio para realizações de seus prazeres egoístas, apenas isso e nada mais. Para estes somos duráveis como uma pilha, depois de esgotada sua utilidade é descartada no lixo da indiferença (lembre-se: aquilo que tem utilidade não tem valor). Mas a essencialidade quando nos abre os horizontes a este respeito. Convoca-nos a sermos seletivos e prioritários. Não há tempo para tudo. Lembro-me de Rubem Alves (meu autor preferido), afirmando que não haverá tempo para ouvirmos todas as músicas, para lermos todas as lindas poesias e nem ler todos os livros. É preciso ir ao encontro do essencial. Não vou àquela festa porque todos estarão lá, eu irei onde me sinta honestamente confortável. Vou ouvir e cantar as músicas que gosto, independente do gênero, pois tem a ver com prazer e não com satisfazer ou fingir que acompanha o gosto alheio. Ser fiel e verdadeiro, ser altivo e buscar experimentar o que é etéreo. Numa certa ocasião uma pessoa que muito admiro e gosto me disse: Você é muito honesto. Ela quis dizer em relação ao que sinto e transmito. Assumo que sou! Mas já levei muitos tombos da vida ao relevar essa honestidade em certos lugares e ocasiões. Lamentava sempre que não funcionava. Hoje não mais. Pessoas vem e vão, nem todos que aqui estão aqui vão permanecer até o fim. Mas quem está conosco verdadeiramente há de permanecer fielmente. Não importa a distância ou regularidade da presença, quem é verdadeiramente fiel faz questão de sê-lo.


"O que temos dentro de nós é o essencial para a felicidade humana".
Schopenhauer

segunda-feira, 27 de março de 2017

Blog Music

Viva Renato Russo!


Se estivesse entre nós Renato Russo completaria hoje 57 anos. Embora tenha tido uma vida conturbada com altos e baixos, esses fatos não encobrem seu legado musical, suas histórias musicadas, a poesia que marcou toda uma geração. Já era muito fã, depois da leitura desse livro fiquei ainda mais. Aqui é possível conhecer o Renato demasiado humano. Despido do artista, assumindo seus fantasmas, seus medos, erros e dificuldades. Aqui o substantivo serve como uma luva: Gênio!



"É tão estranho
Os bons morrem jovens
Assim parece ser
Quando me lembro de você
Que acabou indo embora
Cedo demais ..."

Love in the afternoon

Até parece um epílogo de sua própria vida. 

A Bela e Fera

Fui ver o filme no cinema e apreciei muito o que vi. Filme encantador. Assista!

Voltando ...

Na sexta-feira última lembrei-me que há muito não visitava este meu espaço. Imaginei que já fizesse uns 6 meses de total ausência. Mas quando acessei fiquei bastante surpreso, fez um ano. No mês de fevereiro de 2016 foi minha última publicação por aqui. Não deixei de consultar minha consciência sobre a razão que pode ter me levado a deixar de escrever. Imagino ter encontrado algumas pistas, mas essas serão tema de uma publicação mais extensa e completa, pois ela está ligada a uma experiência pela qual estou para vivenciar. Importante não revelar no momento.
O que importa é que minha necessidade de escrever reacendeu naquele instante. Escrever, para mim, tem dois sentidos. Primeiro porque escrevo de forma livre sem me censurar, e por mais que eu elabore como quero ser compreendido, muitos conteúdos escapam/vazam deixando sempre uma fenda aberta para autoavaliação. Segundo, não tenho qualquer intenção de impressionar quem quer que seja com que aqui já foi publicado ou publicarei. Funciona como se fosse uma "agenda" num aspecto íntimo, mas de forma pública. Em resumo, para mim tem função terapêutica. Tentarei manter alguma regularidade mas sem qualquer tipo de obrigatoriedade.

Lendo algumas das últimas publicações observei que em muitas delas há muitos textos com notáveis erros, sem contar as imperfeições no estilo. Pensei seriamente em corrigir uma por uma, mas me detive que tanto as imperfeições quanto aos erros relevam um ser em composição, ebulição. De imediato tratei de afastar de mim essas tolas preocupações. Tudo está onde deve estar e como deveria ser.

Agora é escrever!