segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Menos solidário... menos humano.

Há dois dias tivemos aqui na cidade onde moro um evento realizado pela Prefeitura em razão do aniversário da cidade. Evento este que se tornou tradicional, mobilizando toda região. A festa é promovida na praça para que todos possam desfrutar. Nesse dia há uma grande aglomeração de pessoas de todos os cantos. Como se trata de um show específico com gênero determinado pelo gosto da maioria, a tendência é uma concentração ainda maior de pessoas. Para mim este tipo de evento tem como finalidade juntar multidão e só. Deixando de fora o momento que podemos nos divertir e rever nossos amigos, colegas e conhecidos, este tipo de evento tem como finalidade apenas uma grande celebração do exibicionismo de grupos. 

Não estou fazendo uma crítica ao evento promovido aqui onde moro, a crítica é no como as pessoas se comportam nesse tipo de evento. Aliás, o evento estava de bom gosto para maioria daqueles que lá estiveram. Num determinado momento da festividade um amigo comentou depois de retornar de um “rolêzinho” que havia uma pessoa inconsciente numa calçada e demonstrou espanto ao observar que todos passavam por essa pessoa e a pulavam. Sim, pulavam como se essa pessoa fosse um obstáculo. Pedi a ele para me levar no local e para lá fomos. 

A cena era de perder a fé no outro. 

Há uns cem metros do local onde estava sendo realizado o evento uma pessoa caída de bruços e uma intensa movimentação de pessoas que indo para lá enquanto outros iam ao sentido contrário. Todos pulavam a pessoa no chão ou no máximo uma olhadinha para constatar (não conheço) e seguia seu rumo. Quando me aproximei da pessoa e me abaixei para ajudar, dali em diante ela ganhou vida, dignidade e todos foram lá ver o que estava ocorrendo. Era uma mulher que me parecia bastante alcoolizada. Conversei com ela com calma e ela alegou que estava mal e pediu ajuda. Perguntei a ela se conseguia levantar com nosso auxílio para sair daquele local e ela sinalizou que sim. Então a levantamos e caminhamos uns 15 passos até a ambulância que encaminhou para Santa Casa. 

Confesso que fiquei pasmo quando cheguei e vi as pessoas pulando e seguindo sua jornada. Fico me questionando: Qual é o preço de tentar ajudar? Tem medo, algum receio? Tem policiamento no local, basta notificar. Bombeiros no local, dar uma passada lá e informar? 

Talvez por este motivo que não é o primeiro que vejo que acabei criando uma aversão por esse tipo de evento. Vou mesmo para cumprir meu papel de marido companheiro e amigo.

Fiquei horrorizado, podia ser um amigo, um colega, um conhecido distante ou até mesmo um estranho como era o caso. Mas era alguém igual a mim.
É bom lembrar que é bastante comum o exagero na ingestão de álcool nesse tipo de evento, por isso devemos ficar atentos àqueles amigos que às vezes passam da conta. Aliás, a causa também poderia ser outra. 

Ajudar o outro seja qual for à circunstância é para mim uma obrigação moral, senão nos tornamos cada vez menos solidários, com menos humanidade e deixamos de observar que só através do outro que nos definimos.

É isso!

segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Poema - Não te rendas



Não te rendas, ainda é tempo
De se ter objetivos e começar de novo,
Aceitar tuas sombras,
Enterrar teus medos
Soltar o lastro,
Retomar o vôo.


Não te rendas que a vida é isso,
Continuar a viagem,
Perseguir teus sonhos,
Destravar o tempo,
Correr os escombros
E destapar o céu.


Não te rendas, por favor, não cedas,
Ainda que o frio queime,
Ainda que o medo morda,
Ainda que o sol se esconda,
E o vento se cale,
Ainda existe fogo na tua alma.
Ainda existe vida nos teus sonhos.


Porque a vida é tua e teu também o desejo
Porque o tens querido e porque eu te quero
Porque existe o vinho e o amor, é certo.
Porque não existem feridas que o tempo não cure.
Abrir as portas,
Tirar as trancas,
Abandonar as muralhas que te protegeram,


Viver a vida e aceitar o desafio,
Recuperar o sorriso,
Ensaiar um canto,
Baixar a guarda e estender as mãos
Abrir as asas
E tentar de novo
Celebrar a vida e se apossar dos céus.


Não te rendas, por favor, não cedas,
Ainda que o frio te queime,
Ainda que o medo te morda,
Ainda que o sol ponha e se cale o vento,
Ainda existe fogo na tua alma,
Ainda existe vida nos teus sonhos
Porque cada dia é um novo começo,
Porque esta é a hora e o melhor momento
Porque não estás sozinho, porque eu te amo

Mario Benedetti, poeta e escritor uruguaio.

sábado, 13 de setembro de 2014

Racismo no Brasil é institucionalizado, diz ONU

O racismo no Brasil é "estrutural e institucionalizado" e "permeia todas as áreas da vida". A conclusão é da Organização das Nações Unidas (ONU), que publicou nesta sexta-feira (12) seu informe sobre a situação da discriminação racial no país.

No documento, os peritos concluem que o "mito da democracia racial" ainda existe na sociedade brasileira e que parte substancial dela ainda "nega a existência do racismo".

Mas as constatações dos peritos da ONU, que visitaram o Brasil entre os dias 4 e 14 de dezembro de 2013, são claras: os negros no país são os que mais são assassinados, são os que têm menor escolaridade, menores salários, maior taxa de desemprego, menor acesso à saúde, são os que morrem mais cedo e têm a menor participação no Produto Interno Bruto (PIB). No entanto, são os que mais lotam as prisões e os que menos ocupam postos nos governos.

Para a entidade, um dos maiores obstáculos para lidar com o problema é que "muitos acadêmicos nacionais e internacionais e atores ainda subscrevem ao mito da democracia racial". Para a ONU, isso é "frequentemente usado por políticos conservadores para descreditar ações afirmativas".

"O Brasil não pode mais ser chamado de uma democracia racial e alguns órgãos do Estado são caracterizados por um racismo institucional, nos quais as hierarquias raciais são culturalmente aceitas como normais", destacou a ONU.

A entidade sugere que se "desconstrua a ideologia do branqueamento que continua a afetar as mentalidades de uma porção significativa da sociedade".

Mas falta dinheiro, segundo a ONU, para que o sistema educativo reforce aulas de história da população afro-brasileira, um dos mecanismos mais eficientes para combater o "mito da democracia racial".

Justiça

Para a ONU, essa situação ainda afeta a capacidade da população negra em ter acesso à Justiça. "A negação da sociedade da existência do racismo ainda continua sendo uma barreira à Justiça", declarou, apontando que mesmo nos casos que chegam aos tribunais, a condenação por atos racistas é dificultada "pelo mito da democracia racial".

Para chegar à conclusão, a ONU apresentou dados sobre a situação dos negros no país. Apesar de fazer parte de mais de 50% da população, os afro-brasileiros representam apenas 20% do PIB. O desemprego é 50% superior ao restante da sociedade, e a renda é metade da população branca.

A expectativa de vida para os afro-brasileiros seria de apenas 66 anos, contra mais de 72 anos para o restante da população. Mesmo no campo da cultura, a participação desse grupo é apenas "superficial", e as taxas de analfabetismo são duas vezes superiores ao restante da população.

A violência policial contra os negros também chama a atenção da ONU, que apela à polícia para que deixe de fazer seu perfil de suspeitos baseado em cor da pele. Em 2010, 76,6% dos homicídios no país envolveram afro-brasileiros.

"Uma das grandes preocupações é a violência da polícia contra jovens afro-brasileiros", indicou. "A polícia é a responsável por manter a segurança pública. Mas o racismo institucional, discriminação e uma cultura da violência levam a práticas de um perfil racial, tortura, chantagem, extorsão e humilhação em especial contra afro-brasileiros", disse.

"O uso da força e da violência para o controle do crime passou a ser aceito pela sociedade como um todo porque é perpetuada contra uma setor da sociedade cujas vidas não são consideradas como tão valiosas", criticou a ONU.

Os peritos apontam que avaliam esse fenômeno como "a fabricação de um inimigo interno que justifica táticas militares para o controle de comportamentos criminosos".

"O direito à vida sem violência não está sendo garantido pelo Estado para os afro-brasileiros", insistiu o informe.

Governo

Para a ONU, houve um avanço nos últimos anos no esforço do governo para lidar com o problema. Mas alerta que muitos dos organismos criados não contam com financiamento suficiente e nem recursos humanos para realizar seus trabalhos. "Muitos ainda têm baixa visibilidade em termos de presença física e posição dentro dos governos dos Estados e dos municípios."

A ONU também denuncia a resistência de grupos políticos diante de projetos de leis que tentam lidar com a desigualdade racial. Os peritos declararam estar "preocupados que o progresso feito até agora corra o risco de sofrer uma regressão diante das ameaças de grupos de extrema-direita".

Mesmo dentro da estrutura do Estado, os afro-brasileiros são "sub-representados". Eles ocupam raramente uma posição de chefia e, em Salvador, a única secretaria municipal comandada por um negro é a da Ação Afirmativa. O município conta com 12 secretarias.

Fonte. UOL

3.0


Antes de iniciar uma breve resenha sobre o tema, farei uso dos versos finais de uma linda canção:

“Mas aí me lembro: Rapaz, você está nos trinta”.
E grito: “tempo, pare um pouco para eu respirar”!
Ainda não consegui ser a metade do que deveria ser! “

Pois é, lá se foram quase 30 anos, quantos momentos, quantas vidas. Como diz um importante pensador: “Contas os dias de nada adianta, pois uma boa vida se avalia pelos momentos que vivemos”. A propósito, aprendi que para uma melhor compreensão de uma história, não devemos interpretá-la do inicio até aqui, mas olhar para trás retornar até o inicio.  Quando faço isso, tenho uma visão ampla de todos os eventos passados até aqui. Modéstia às favas tenho memória suficiente de registros de inúmeros fatos.

Embora sejamos envenenados desde a infância com estórias de que vamos ser/seríamos isso ou aquilo, a vida pode sempre tomar outro rumo, pois compreendi que depende de vários aspectos; Primeira, quem está contando essa história? Segundo, para quem é a história? E, principalmente, nossas escolhas, pois como nos orientou a Banda o Charlie Brown Jr: “Nossas escolhas dirão para onde iremos”.

A considerar onde hoje estou em paralelo com meu local de origem, não sei explicar para onde estou indo. Mas tenho plena certeza que dobrei as regras e enganei expectativas alheias. Não quero aqui fazer aquele discurso barato de infância pobre, sofrida ou como dizem por aí erroneamente causando em mim profundo desespero: Veio de família humilde.  

Por aquilo que mais acredita, entenda; humildade nada tem com situação socioeconômica, humildade é uma qualidade, um sentimento que há ou pelo menos devia existir em todos nós. É aquela questão fundamental de compreender que todos, sem exceção, temos o mesmo peso sobre a terra.

A infância que tive foi aquela e ponto final.  Sim, trabalhei cedo, tive atividades diversas, mas, mesmo assim, tive uma ótima infância.

Como não se lembrar dos tempos do colégio? Dizem os “especialistas” que é a melhor fase da vida. Em última análise, sem receio de equívoco, acredite nessa afirmação. 
As responsabilidades adquiridas após o termino do colégio são infinitamente chatas. Não que eu não goste de responsabilidades, é que são chatas mesmo. Embora, por outro lado, ganhamos aquilo que sonhamos desde os 15 aninhos: Independência.

Não há como escapar de admitir que, quando no colégio, fui um aluno medíocre. Não posso assumir a forma de aluno exemplar ou excelente, entretanto não fui o pior aluno. Talvez tenha me faltado um pouco mais de interesse e, também quem sabe, tenha talvez faltado quem despertasse mais interesse em mim. Enfim, o mais importante é concluí os estudos e nunca desde o inicio tive alguma aversão à escola.  

A parte ruim de guardar na memória certamente são as amizades que se foram, quando cada um segue o seu caminho como se aquele laço se limitasse ao período escolar. Mas aprendi que isso é inerente à vida. Muita gente passa, deixa aqui suas marquinhas e com certeza leva um tantinho de nós também.

Tenho aprendido muito sobre amizade observando minha Mãe. Embora eu tenha amigos, minha Mãe é, sem dúvida, meu melhor amigo. Sempre quando temos um tempo, sentamos para tomar uma cervejinha e resenhar sobre vários tópicos. É a pessoa que nunca me botou medo sobre nada, nunca nos permitiu (eu e meus irmãos) sentir qualquer sentimento de inferioridade. Isto sem tocar no assunto. Nunca disse algo do gênero: Olha meu filho, as coisas serão difíceis para vocês ou isso não é para vocês. Talvez se ela tivesse dito algo dessa natureza teria mudado o rumo de nossas vidas, acredito. Uma pessoa que sempre me aconselhou: Para saber se vai dar certo, você tem que ir e experimentar. Sobre amizade ela sempre foi sensata, em suas palavras: “Meu filho, na medida em que a gente vai ficando velho, vai rareando”. E assim tenho observado.

Dias atrás conversando com um senhor, ele questionou: Que idade você tem?

Disse: Estou nos trinta.

Ele então disse: Rapaz, você é jovem demais. Quem me dera se eu tivesse trinta anos.

Estive pensando sobre essa afirmação. Será que sou jovem demais? Sei não.

Meu histórico familiar me permitiu ter uma filosofia de vida diferente dessa que nos é apresentada como factual. Sim, talvez eu tenha muita vida pela frente, como também, não. Embora toda preferência esteja na primeira opção. Vejo uma imensa perversidade nessa busca pelo amanhã, esses planos em longo prazo. 

Diariamente negligenciamos o presente, sempre estamos no amanhã, como se hoje fosse uma garantia do amanhã, mas, a vida tem incessantemente nos provado o contrário. Evidente que não vamos torrar a vida hoje e começar tudo novamente amanhã, mas é necessário um equilíbrio. Às vezes tenho a impressão que a coisa mais importante a fazer é amanhã, pois hoje já não tenho tempo mais.

Este é um fato extremamente particular, talvez nunca aqueles que me conhecem me ouviram falar sobre esse tema. Perdi meu Pai nos seus “poucos” 27 anos de idade. A questão não é como aceitar ou lidar com a situação, a grande questão é que a vida se apresenta assim. Só contamos com morte na velhice, eu não. Por este motivo tomo os cuidados necessários. Duas questões: Primeira, não tenho medo, segundo, não tenho nenhum pensamento sobre isso.

Encerrando este tema, para finalizar;

Com a pouca experiência que adquiri nesses quase trinta, tenho andado devagar. Observado mais e ouvindo mais. Tenho a segura impressão de que quanto menos falo, mais os conteúdos se tornam claro. Nesses quase trinta aprendi a não romantizar certas coisas, mas dar mais amor a minha família, meus amigos e, ainda mais, a família que eu e minha namorada, mulher, companheira, amiga (Keila) estamos construindo.

Três pensamentos tatuados na alma:

“Às vezes, uma vida inteira cabe num momento”.

“Um minuto é tempo suficiente para mudar tudo para sempre”.


“E onde a sorte há de te levar, saiba: O caminho é o fim mais que chegar”.

quinta-feira, 11 de setembro de 2014

Para reflexão


Crianças "Adultas"

Lendo o debate sobre este tema na rede social, é perceptível que muita gente desconhece ou acredita que a publicidade infantil sempre foi dessa forma. Alguns chegam a dizer: "Não vejo nada de estranho nisso" Estão exagerando, são crianças, não dá para notar sexualidade nisso". Veja as imagens e leia o texto. Faça uma pausa para reflexão.







Pernas abertas, calcinha aparecendo, blusa levantada. Se fossem modelos adultas, estaríamos discutindo aqui no blog, mais uma vez, a objetificação do corpo mulheres. Mas são crianças e as fotos, do ensaio “Sombra e água fresca”, publicado pela revista Vogue Kids em setembro, praticamente falam por si. 

 “Muitas vezes quando pensamos em pedofilia imaginamos um tio pervertido ou em um cara se escondendo atrás de um computador, ou de algo escondido, secreto. Mas a gente não fala de uma cultura de pedofilia, que está exposta diariamente, onde a imagem das crianças é explorada de uma forma sexualizada. A Vogue trouxe um ensaio na sua edição kids com meninas extremamente jovens em poses sensuais. Alguns podem dizer que é exagero. Que é pelo em ovo. Eu digo que enquanto a gente continuar a tratar nossas crianças dessa maneira, pedofilia não será um problema individual de um ‘tarado’ hipotético, e sim um problema coletivo, de uma sociedade que comercializa sem pudor o corpo de nossas meninas e meninos”, afirmou a roteirista Renata Corrêa, uma das primeiras a criticar publicamente a revista.

 A arquiteta Tuca Petlik conta que ficou chocada quando viu a matéria. Foi ela quem tirou as fotos acima – editadas para preservar a identidade das meninas. “Como ninguém que trabalhou na matéria questionou? Produtor, maquiador, fotógrafo, diagramador, revisor, diretor de arte, editor de texto, direção… Ninguém se ligou que estava um pouco demais? Que dureza ver que ainda temos um caminho tão longo para percorrer em busca de uma sociedade que valorize a infância, que proteja nossas crianças, que não veja a mulher e seu corpo como mercadoria, que amplie os ‘modelos de beleza’. etc… 

É triste”. Tuca é mãe de Maya, de dois anos. “Como mulher, como mãe, como mãe de uma menina, eu sinto revolta”. Yolanda Domínguez, artista plástica espanhola que já realizou performances no Brasil questionando a indústria da moda, afirma que “é alarmante a sexualização prematura a que as meninas são submetidas por meio de bonecas (Brads, Barbies…), desenhos animados e agora, a moda. Essas imagens possuem uma clara conotação sexual: meninas com pernas abertas, deitadas, levantando a camiseta ou trazendo um peixe para a boca. As meninas aprenderão que atitude se espera delas”. Yolanda, que é editora do site Strike the Pose, avalia que a Vogue cometeu um erro enorme e defende que a revista “deveria pedir desculpas imediatamente”. 

O blog apurou que algumas pessoas já fizeram denúncias ao Ministério Público e que instituições de defesa da criança e do adolescente preparam-se para uma ação coletiva. Mas segundo a Ferraz Assessoria de Imprensa, que cuida da conta da revista, até o momento não há nada a declarar porque “não chegou nenhuma notificação. Tudo o que existe são burburinhos na internet”.

Fonte. http://mairakubik.cartacapital.com.br/2014/09/11/vogue-kids-faz-ensaio-com-criancas-em-poses-sensuais-e-pode-ser-acionada-pelo-mp/

quarta-feira, 10 de setembro de 2014

Publicidade

Agência: DDB da Polônia 

 Anúncio: Você pode perder mais que sua paciência quando fica nervoso com seus filhos.


Suicídio


Voltei, e o tema é :

Uma pessoa tira a própria vida a cada 40 segundos em alguma região do planeta. A estatística assombrosa foi revelada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em seu primeiro relatório mundial sobre o assunto. Para cada indivíduo que morre desta forma, mais de 20 já tentaram. 

A pesquisa mostra que o suicídio é um problema de saúde pública global que atinge todas as faixas etárias, acontece com frequência em todos os países e por diferentes razões. 

A ideia de que o ato tem relação com doenças mentais, como depressão, por exemplo, é consolidada. Entretanto, a entidade chama a atenção para outros fatores que podem contribuir para que uma pessoa recorra ao ato. 

"Muitos suicídios acontecem em momentos de crise com o enfraquecimento da habilidade de lidar com os problemas da vida, como problemas financeiros, fins de relacionamentos amorosos, dores crônicas e doenças", explica a OMS. 

Nos países de alta renda, o grupo mais vulnerável é o de homens com mais de 50 anos. Já em países de baixa ou média renda, o foco está em mulheres com mais de 70 anos e jovens adultos, entre 15 e 29 anos. Neste último grupo, o suicídio se tornou a segunda maior causa de mortes, atrás apenas de acidentes de trânsito. 

Estes países são ainda os líderes neste tipo de morte. Dos 804 mil casos registrados em 2012, 75,5% aconteceram nestes locais. Um dos motivos para o alto índice, constata a OMS, é o fato de que a maioria deles sequer conta com recursos e serviços adequados para o tratamento de quem os necessitam. 

Por ser um assunto sensível entre a população e até ilegal em muitos países, como na Índia, por exemplo, onde foram registrados quase 260 mil casos em 2012, a OMS teme que a quantidade de suicídios no mundo seja ainda maior. Mas a entidade lembra que a prevenção é possível. E uma das medidas mais eficazes, diz o estudo, é a restrição ao acesso aos principais meios de suicídio, como armas e pesticidas. 

JAPÃO 

O Japão é citado no estudo como exemplo. Em 1998, o país enfrentava uma grande crise econômica que acabou por impactar de forma severa os números relacionados ao suicídio. Naquele ano, foram registrados 32.863 casos — contra 24.391 no ano anterior. 

A virada começou em em 2002, quando filhos que perderam seus pais começaram a compartilhar suas experiências e o governo passou a tratar a questão como saúde pública, criando políticas preventivas que abordavam questões psicológicas, econômicas e culturais. O resultado: em 2012, o número de suicídios ficou abaixo dos 30 mil pela primeira vez em mais de dez anos.

Fonte. Planeta Sustentável

sábado, 8 de fevereiro de 2014

Leitura

Leituras que me acompanham nas noites de insônia;

"Sendo todas as coisas causadas e causantes, auxiliadas e auxiliantes, mediatas e imediatas, e mantendo-se todas elas por meio dum vinculo natural e insensível que une as mais afastadas e as mais diferentes, julgo impossível conhecer as partes sem conhecer o todo, assim como conhecer o todo sem conhecer as partes em particular"

PASCAL

Nudez

Nudez: estado natural humano. 

Daqui da para imaginar o quanto somos fáceis de conduzir. A nudez transformou-se (ou foi transformada seria o ideal?) em tabu e, em alguns casos, configura-se como crime ( a verificar - artigo 233 do Código Penal)

Não tenho dados para apresentar sobre quando iniciou essa sexualização, mas tenho impressão de que ela cada vez mais têm/está ou deverá perder espaço. Tenho viva a lembrança de quando garoto vendo revistas de conteúdo adulto (velha e famosa revista de mulher pelada). Examinando minhas lembranças, tenho em mim que naquela época havia mais curiosidade em ver a revista por se tratar da mulher nua ou pelada (tanto faz), do que uma questão sexual de outra ordem. Evidente que o tempo passa e mudam-se os desejos, inverte-se à ordem. 

De uns tempos pra cá (diga-se 10 anos ou mais), tenho observado o "nu" não autêntico, um nu artificial, fabricado. Padronizou-se a nudez. Os ensaios de antigamente eram mais atrativos. Nos tempos atuais abrir uma revista como a playboy, é mais atrativo ver os outros conteúdos do que o objetivo da publicação. Geralmente oferecem o mesmo tipo, bem padronizado. O tipo só muda de loira para ruiva ou morena, no mais pura estereotipia. 

Pois bem, falei sobre este tema para que possamos reaprender a ver. O corpo feminino é belo, porém, é também diverso. Não podemos jamais nos prender a um só tipo, àquele reproduzido incessantemente pelas mídias de comunicação em todos os cantos. Como se um tipo específico tivesse o padrão de excelência. Como vemos há tempos na televisão; este é um corpo "perfeito", como se não houvesse pluralidade, invertendo assim os fatores. O que disse até aqui pode ser totalmente aplicado aos homens também. Cada vez mais deixamos de ver, nos ver, com nossos próprios olhos e estamos contaminados com percepção de olhos alheios.  

Quero compartilhar aqui o projeto Des(nu)das. Que tem essa proposta, este objetivo, mostrar a nudez como ela é. O peculiar de cada qual, nossa diversidade que é tão escondida. O trabalho é lindo, fiquei encantado. E devemos lembrar que nudez é nudez, é o corpo, é a consciência de si mesmo. 

p.s. Não vou postar as imagens aqui pois temo censura por conta do conteúdo. Nunca se sabe, os tempos atuais não estão pra brincadeira. Acesse o site baixo e delicie-se com a beleza do corpo feminino. 


http://www.cleosantanafotos.com/?page_id=1070







sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

Blog Music

Embora a música em si basta para nos elevar, nada melhor que uma voz jovem e agradável. O Rappa superou com essa canção. Obra prima. De se ouvir a todo momento.


 

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

Porque não se deve matar aula.

Sabe aqueles conselhos de não "matar aula" que ouvimos lá no passado. As Mães para botarem um medo contavam histórias, coisas que "aconteceram" com pessoas que matavam aula. Gente desaparecida, envolviam em confusão, sofriam acidentes e coisa e tal. Pois bem, o fato é que não estamos livres das surpresas da vida. Eu mesmo já aconselhei amigos mais jovens também nesse sentido. Não ir à aula sem comunicar os Pais é risco de grande prejuízo. Se não quer ir à aula não vá, mas fique em casa ou que seus tutores saibam que você não foi pro colégio. Caso ocorra algo de qualquer natureza não serão surpreendidos com fato de você ter mentido. 

A campanha abaixo é justamente sobre este tema. Sim, é um tanto melodramática, mas cabe como alerta. 

Siga o conselho do final do vídeo: Isso é o que acontece quando você mata aula. Fique no colégio. 

sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Blog Music

Geralmente gosto de postar uma música específica via youtube. Hoje, quero indicar uma Rádio. Minha paixão pelo Rádio vai além atuar na área. Porém, o Rádio (sem generalizar) tem tomado um rumo que não me satisfaz. Bom, esse é um papo para um post bem específico, onde eu possa trazer uma visão mais ampla. 

Portanto, vamos ao tema de agora. 

A Rádio Nova Brasil Fm é brasileiríssima. Para quem aprecia nosso manancial de música boa, a Nova Brasil FM oferece um repertório impecável. E não só música. Informação (notícias) e debates com participação dos ouvintes, além de uma programação variadíssima. 

Excelente. 

Sem mais.

Site 


quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Indiferença

Bom, já faz um bom tempo que não escrevo aqui. Venho compartilhando alguns conteúdos, mas nenhum de minha autoria. Portanto, vamos ao tema.

Evidente que não ocorre em todos os casos e até seria um equivoco generalizar, porém, acontece na maioria dos casos.

A indiferença da qual quero tratar é especificamente – ausência de interesse e consideração.

Sou bastante observador e esse tipo de comportamento não passa despercebido.  Ela está em todos os lugares, todos ambientes, sempre existe alguém que se porta com indiferença.

Observo constantemente no comércio, muita gente que está lá justamente para o contrário, mas que se comporta com indiferença.

 Não, não é sobre racismo, preconceito e, muito menos, “coitadismo” (esta última é a melhor).
Isso é sobre as pessoas que vivem em torno de si mesmas e aquelas que estão lá para, mas não o fazem. 

Fico perplexo quando vou a algum lugar comercial (evito pois amo minha casa), aí a pessoa que está lá para - ou finge que não está te vendo 1, ou não te viu (impossível) 2, ou está aguardando você confirmar que realmente não se sentou com objetivo de pregar uma peça 3.  Nãooo, não é comigo, já presenciei pessoas na mesa ao lado dizendo: Será que não viram a gente aqui? Isso quando não fica nítida a má vontade daquela pessoa que está lá para.

Ah, existe um tipo que é clássico. O SUPERIOR (isso, letras garrafais), este é aquele que acredita ser sempre “prime” porque ou está bem vestido, ou tem grana e um carro importado ou ocupa algum cargo e com isso imagina que é digno de privilégios. Se eu já encontrei um desses? Vários, e digo mais; alguns desses nem te cumprimentam, sequer bom dia, como você vai. Olham da cabeça aos pés (daí deve rolar um comparativo, eu sou mais, eu sou melhor), e o que era para durar algum tempo, mal começa.  

Tem também aquele tipo que só te reconhece quando está numa determinada ocasião, quando com a “sua turma” ou tribo, te ignora completamente. Parece ter medo que você possa, compromete-lo naquele grupo.  Há também os indiferentes na hierarquia. Basta uma promoção para perder o “amigo” – cuidado, esse tipo é muito perigoso.  Às vezes, em muitos casos, quando lá - esse “amigo” se transforma num tirano inclemente.

Sim, parece exagero. Veja bem, parece, mas não é.

O que eu faço diante disso? Observo e aprendo.

Carrego para onde vou: Educação, respeito, cordialidade e simpatia. É acessível a todos e não tem custo algum.

Existe uma regra sobre Justiça que aprecio muito. Lei universal. Quando for elaborar uma regra/lei, que ela seja universal, sem qualquer distinção. Aplicável a todos. 

A minha:
Que o outro/semelhante me trate da mesma forma que gosta de ser tratado. 

Lacan


Frustração

Não, este não será um testemunho sobre nenhum tipo de drama ou depressão. É a minha frustração com minha falta de conhecimento específico, afinal não se sabe tudo. Hoje, num daqueles raros momentos retirei a câmera das teias de aranha da gaveta para registrar minha gatinha. Depois de tudo feito, fui na alegria de criança transferir as fotos para o pc. E qual não foi minha surpresa? Estava sem o cartão de memória. Após colocar o cartão, não consigo visualizar as fotos na memória interna. Não, eu não tenho o cabo da câmera. 

Frustração, frustração. 

Entrevista - Jorge Forbes

O psicanalista e médico psiquiatra Jorge Forbes sempre defende que buscar alguém para suprir as carências emocionais é assinar um atestado de infelicidade permanente. "Só pode estar junto aquele que pode estar separado. 

A felicidade é uma responsabilidade pessoal e intransferível". Segundo ele, a primeira coisa que é necessário saber é que a felicidade amorosa não tem garantia. "Todo amor é um contrato de risco que mantém os parceiros sempre alertas". 

Doutor em Teoria Psicanalítica pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), mestre em Psicanálise pela Universidade Paris VIII e doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo (USP), Forbes é um dos principais introdutores do ensino de Jacques Lacan no Brasil, de quem frequentou os seminários em Paris, de 1976 a 1981.

 Teve participação fundamental na criação da Escola Brasileira de Psicanálise, da qual foi o primeiro diretor-geral, e atualmente preside o Instituto da Psicanálise Lacaniana (IPLA). Recentemente, ganhou o prêmio Jabuti com o livro Inconsciente e Responsabilidade - Psicanálise do Século XXI, em que estuda as mudanças necessárias a uma psicanálise para os tempos pós-modernos, além do Édipo. 

Para Forbes, estamos vivendo uma nova forma de amor, que ele define como o amor da pós-modernidade. "As pessoas estão com as outras porque querem, não mais por obrigação ou necessidade".

 Apesar das conquistas femininas e de as pessoas atualmente serem muito mais independentes econômica e intelectualmente, percebe-se que homens e mulheres ainda buscam na relação o seu ideal de felicidade. Por que? 

Mas será que vamos pensar que a única razão para que as pessoas estivessem juntas seria a dependência econômica ou intelectual? Isso é desacreditar de vez no amor ou achar que amor é tema menor e piegas. Não vejo assim. É exatamente porque diminuímos as dependências que fica mais evidenciado o difícil que é a vida sem alguém. 

 E por que é tão difícil a vida sem alguém? Há um temor da solidão? 

 Gosto muito da frase de Nietzsche "Vosso mau amor de vós mesmos vos faz do isolamento um cativeiro". Sérgio Buarque de Holanda a lembrou quando comentou a cordialidade do brasileiro. É muito difícil frequentar a solidão de si mesmo, mas não tem jeito. Só quem pode ficar separado é quem pode ficar junto. 

 Então qual a melhor maneira de lidar com a solidão? 

Encontrando alguém. 

O senhor acredita que temos evoluído pouco no aspecto sentimental? 

Acredito no contrário, que estamos vivendo uma mudança importante a ponto de merecer um nome: "novo amor". Até bem pouco tempo, as pessoas ficavam juntas em nome de algo ou de alguém. Dizia-se, por exemplo "Estou com você porque jurei na igreja"; "Estou com você porque não vou me afastar dos meus filhos"; "Estou com você para manter nosso patrimônio"; e por aí seguia. O fato é que, hoje em dia, temos um novo amor, livre dessas intermediações, no qual se uma pessoa está com outra é porque quer, mesmo que diga que não.

 Esse é o amor que o senhor define como o amor da pós-modernidade, no qual o laço social é predominantemente horizontal? Que tipo de amor é esse? 

Sim. A pós-modernidade trouxe uma revolução no laço social nunca antes vista. Nos últimos 2500 anos, nossos laços sempre foram verticais, no sentido de nos agruparmos em torno de um padrão, constituindo o desenho de uma pirâmide. Seja colocando no topo da pirâmide a Natureza, Deus, ou a Razão. Hoje, não há mais padrão, por conseguinte, não há mais verticalidade, motivo de falarmos em sociedade de rede, horizontal. Nessa sociedade, detectamos um novo amor pelo qual a responsabilidade é só dos amantes, sem desculpa. Uma pessoa está com a outra porque quer, ponto. O curioso é que normalmente não sabemos o que é esse querer. Ama-se sem saber o porquê e responsabiliza-se por esse não saber. 

Em Os complexos familiares na formação do indivíduo, Lacan diz que a família prevalece na primeira educação e preside os processos fundamentais do desenvolvimento psíquico. Isso explica o fato de alguns serem mais carentes que outros? 

Carentes somos todos, uma vez que sempre nos falta algo. Por mais que recebamos, o desejo sempre aponta um mais além. O que nos diferencia é como reagimos às carências. A família cumpre um primeiro papel muito importante, mas, para nossa sorte, não definitivo. Sorte porque, se não fosse assim, cairíamos no determinismo que pensa que uma vez tendo tido um problema na infância, não se teria mais conserto, teria que nascer de novo. Nada disso. 

A carência gera pessoas que desenvolvem uma dependência afetiva muito grande. Em contrapartida, vivemos em uma época em que as relações terminam mais facilmente. Como explicar isso? 

De fato vivemos uma época de mudanças de parceiros mais frequente que anteriormente. Isso não quer dizer que estejamos amando pior. Essa aparente contradição se explica facilmente. Se estivermos de acordo com o já dito, que uma pessoa só está com a outra hoje em dia porque quer e não por segundos ou terceiros motivos, não havendo mais amor, ou se reinventa ou se separa. 

O senhor afirma que buscar alguém para suprir as carências emocionais é assinar um atestado de infelicidade permanente. Como evitar que isso aconteça? 

Evitando a dependência excessiva do outro. O problema é que, ao encontrar alguém aparentemente disponível, muitas pessoas agarram-se a ela como garantia de segurança emocional, econômica, social, espiritual, mas isso não é a felicidade. Idealizar que o parceiro é a fonte da felicidade tem dois lados ruins: o primeiro é que, enquanto está sem par, a pessoa acaba desvalorizando as outras conquistas da sua vida, que também são importantes, mas acabam passando despercebidas. Segundo porque, se, por acaso, ela consegue que seu relacionamento amoroso atinja seu ideal de felicidade, está fadada a perder essa situação, já que nenhum relacionamento consegue ser ideal eternamente. É preciso entender que só pode estar junto aquele que pode estar separado. Felicidade é responsabilidade pessoal e intransferível.

 De que maneira esse apego ao outro se traduz no universo virtual, uma vez que observamos cada vez mais pessoas dependentes da rede social? 

Pessoas são dependentes de pessoas desde que o mundo é mundo. Nós nos entendemos sempre através do outro. Haja vista essa entrevista (risos). A identidade de uma pessoa é relacional, se dá na relação com as outras e com o meio. É o que possibilita dizermos que uma pessoa me faz sentir melhor, outras, pior. As redes sociais não são culpadas disso, elas só evidenciam a nossa natureza humano-dependente. 

De fato, todo relacionamento amoroso é um contrato de risco? 

Sempre. O amor é um contrato de risco, no qual não há garantias. Isso porque não é possível estabelecer todas as cláusulas necessárias a um acordo. Até mesmo o elementar "Eu te amo" é sempre escutado com desconfiança, que leva o parceiro a responder "Ama mesmo?". Amor é um contrato de risco que mantém os parceiros sempre alertas. 

E o maior risco é daqueles que costumam transformar amor em remédio? 

Se amor é remédio, ele é daqueles cheios de efeitos colaterais e de reações adversas. Seria divertido escrevermos a bula do amor. É o que os poetas tentam todos os dias, em um trabalho infinito, pois sempre falta algo a dizer. 

Ouvimos diversas pessoas se queixando sobre as mudanças que surgem depois de um tempo de relação. Querer que seja sempre "à flor da pele" é um dos principais motivos para o fracasso? 

O amor acorda, mas, de vez em quando, você quer dormir. Aí, com boa razão, vem o medo de o amor ir embora, o que leva muitos a tentarem congelá-lo para depois comê-lo requentado no microondas. Amor requentado dá azia brava. A paixão pode ser chamada de felicidade, mas, quando se transforma em um ideal de vida, fica supervalorizada e representa um perigo. Fica bonito no teatro, mas é muito triste na vida real. Daí personagens como Romeu e Julieta, Tristão e Isolda, Abelardo e Heloísa. Morreram porque tentaram eternizar a paixão. 

O estado da paixão, de acordo com a ciência, dura de dois meses a dois anos, porque, se durasse mais tempo, ninguém conseguiria suportar. É isso mesmo? 

Divertem-me essas definições pseudocientíficas. O amor é uma coisa séria demais para ser formatado em padrões empíricos e objetivos. Agora, de fato, é duro suportar uma emoção que te questiona todos os dias. Há amantes entusiasmados e amantes cansados, não é uma questão de tempo, mas uma questão de criatividade. 

Algumas relações amorosas tendem a extrair o que há de melhor em nós, outras, por sua vez, nos fazem ficar cara a cara com o nosso lado mais sombrio. Em sua opinião, por que isso acontece? 

Toda relação digna desse nome nos oferta os dois lados: o melhor de nós e o mais sombrio. O que se espera é aproveitar o melhor e com ele se guiar no lado mais sombrio. 

O senhor diz sempre que felicidade não é bem que se mereça. Seria então uma questão de sorte? 

Olha, quando eu escrevi sobre isso, a ideia era chamar a atenção para o contrário daquilo que se pensa normalmente, a saber, que a felicidade seria fruto dos nossos merecidos esforços. Não é não. A felicidade, do ponto de vista psicanalítico, se dá no encontro, na surpresa, e não há esforço nenhum na surpresa. E, como disse antes, para haver encontro não pode haver dependência. Se não, o que se dá não é um encontro, é parasitismo. A felicidade sempre nos parece inalcançável. Por isso, quando uma pessoa está feliz, ela não sabe quem ela é, ela pensa que está sonhando ou que houve um engano. Ela acaba vivendo uma crise de identidade: "Esse cara sou eu?". O mais triste é que a maioria das pessoas se assusta e sai correndo de medo da felicidade, exatamente pela sensação de estranheza que ela provoca. Por isso, dizer que há que se suportar ser feliz.

Fonte. 

http://atarde.uol.com.br/muito/materias/1561790-felicidade-e-responsabilidade-pessoal-e-intransferivel

quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Somos escravos felizes?

Sempre me impressionou, desde que estudava os clássicos, a afirmação do historiador e político Tucídides, que há 2.450 anos sustentava que o sucesso dos tiranos reside na felicidade dos escravos com sua própria escravidão, afirmação essa que foi lembrada outro dia pela escritora Rosiska Darcy de Oliveira em sua coluna em O Globo.

 Dois milênios e meio mais tarde, a dura e irônica frase de Tucídides continua atual em nosso mundo globalizado, embora com perfis mais modernos e sutis. Hoje, de alguma forma, todos somos de alguma maneira escravos, embora não o admitamos, e até dá a impressão, às vezes, de que somos igualmente felizes. E muitos políticos e governantes continuam exercendo formas de tirania, embora hoje venham revestidas com roupagens de democracia. Como naquela época, também hoje o sucesso dos que nos governam é uma razão direta do grau de satisfação que demonstramos com a nossa própria escravidão. E seu fracasso será também proporcional à nossa capacidade de nos sentirmos infelizes com as correntes que eles nos impõem e que aceitamos. 
 Quando, em junho passado, o Brasil se lançou às ruas para reivindicar seus direitos, foi como se de repente as pessoas tivessem se dado conta de que, sem perceberem, estavam amarradas a uma sutil escravidão. E os políticos e governantes se assustaram pelo fato de os cidadãos terem deixado de serem felizes com suas correntes. E tentaram tranquilizá-los prometendo-lhes que os libertariam. 
 Os brasileiros perceberam, de repente, de que eram de alguma forma escravos quando precisavam usar meios de transporte público que poderiam servir também para o gado; ou os hospitais, ou as escolas. Perceberam que se é escravo politicamente, inclusive na democracia, quando é permitido apenas exercer o direito de voto a cada quatro anos, sem poder participar da gestão da vida pública e sem poder contestar os privilégios escandalosos com que se presenteiam os que decidem sobre nossas vidas. 
Os políticos decidem livremente, por exemplo, seus fabulosos salários. Por que os professores, por exemplo, não poderiam então fazer a mesma coisa? Perceberam que se é escravo quando você não pode sair com tranquilidade à rua sem saber se será assaltado, violentado ou sequestrado. 
E, se você for pobre e negro ou de cor, se poderá acabar barbaramente torturado e morto por policiais corruptos, como um Amarildo qualquer. Ou, se você estiver na prisão, se acabará decapitado. Há muitas formas de ser escravo. E a pior das escravidões é o não saber que se é escravo. 
Às vezes, os escravos de verdade lutam por sair da sua situação, enquanto os que nos sentimos livres podemos ser mais escravos do que eles, sem sabermos disso. Pode-se ser escravo pela força e escravo por vontade própria. Pode-se ser interiormente livre vivendo na escravidão forçada, e pode-se ser escravo por dentro enquanto acreditamos ser livres. Hoje, no Brasil, há aqueles que ainda são forçados a viver em condições de trabalho escravo, e quando são descobertos recuperam sua liberdade. 
 Mas há também os escravos voluntários. Os que não precisam de um feitor que lhes coloque as correntes nos pés; eles mesmos as colocam. Somos cada vez mais escravos, por exemplo, de um consumismo desenfreado, fomentado não só por nossa natureza, que nos impele a possuir, mas também pela mão invisível do poder que usa todos os modernos instrumentos da publicidade para fazer com que nos sintamos escravos, insignificantes, perdedores e marginalizados se não conseguimos comprar o último modelo de tudo. Somos, afinal, escravos de nossa própria vaidade. 
Há mulheres da classe média que se sentem desconcertadas vendo que sua empregada pode usar o mesmo perfume que ela ou o mesmo modelo de celular ou a mesma geladeira. Já não se sentem exclusivas em seus objetos de consumo. Somos escravos da vertigem das tecnologias digitais e nos sentimos felizes por sê-los, a ponto de que adoeceríamos se nos impusessem a abstinência das mesmas. 
Somos os modernos escravos que amamos nossas próprias correntes. E, como na síndrome de Estocolmo, chegamos a nos apaixonar pelos que nos escravizam, como, por exemplo, nossos políticos corruptos. Assim se explica que os políticos com menos escrúpulos, os mais desavergonhados, os que mais nos escandalizam, os que roubam com mais descaro, e os que são muitas vezes os mais medíocres culturalmente, acabem sendo os mais votados por nós em nossas urnas. 
 Sentimos mais fascinação pelo político que soube se impor e brilhar graças às suas formas corruptas de atuar e abusar de seu poder do que pelos que se esforçam em impor a ética na política. É como as crianças que acabam admirando mais o colega violento, arruaceiro e malandro do que o gentil e generoso, mais o que bate do que o que apanha injustamente, mais o que nos subjuga do que o que nos acolhe. 
 Qualquer tipo de escravidão, livremente buscada ou imposta pelo poder, é uma arma nas mãos dos que nos governam, sobretudo se somos nós mesmos os que aceitamos livremente essas correntes e até nos sentimos confortáveis com elas. A liberdade às vezes nos dá mais medo do que a própria escravidão. 
 O Brasil vive um momento especial neste 2014, que se resume em três palavras: Copa do Mundo; possíveis novas manifestações de protesto e a ida às urnas. Três momentos que serão importantes para medir o grau de vontade de quererem ser livres ou de preferirem continuar perpetuando uma parte da nossa própria escravidão. 
 Com a Copa do Mundo, será possível analisar a capacidade governamental de realizar, perante os olhos do mundo, um acontecimento dessa envergadura com resultados positivos que nos obriguem a nos orgulhar ou, pelo contrário, que demonstrem que não estávamos preparados nem para fazer gastos públicos milionários que não deixam uma marca positiva duradoura nem para suportar a presença de milhões de estrangeiros com nossas infraestruturas precárias (leia-se, por exemplo, aeroportos, estradas, hotéis, etc.) que desafinam diante dos modernismos e dos estádios às vezes inúteis, catedrais efêmeras da vaidade. 
 As possíveis novas manifestações de protesto, que desta vez poderiam se realizar sem a presença de grupos violentos, já que as forças da ordem agora estarão preparadas para neutralizá-las, serão um teste que revelará se era verdadeiro aquele despertar de junho passado, em que centenas de milhares de cidadãos revelaram que não queriam continuar sendo escravos da má gestão da vida pública e desejavam poder gozar dos benefícios da modernidade. 
 Ou se preferem continuar vivendo com as mesmas correntes de sempre – já que as promessas dos políticos, então assustados, ficaram quase todas na gaveta –, sem vontade para continuar reivindicando novos espaços de bem estar para todos, de liberdade cidadã e de uma maior participação na vida pública. 
E as urnas de outubro serão o terceiro teste que revelará o grau de escravidão que se deseja perpetuar ou a vontade e capacidade de querer se libertar de certas incongruências políticas, como são nossos protestos contra políticos corruptos para depois continuar votando neles porque, no fundo, nos fascinam mais as sombras do que a luz, e esperamos mais dos violentos e prevaricadores, que tudo prometem embora depois nada ofereçam, do que dos honestos que oferecem menos, mas dos quais caberia esperar uma maior esperança de ressurreição e de liberdade. 


 Somos assim às vezes: escravos felizes.


fonte. http://brasil.elpais.com/brasil/2014/01/10/opinion/1389392814_512458.html