quinta-feira, 25 de junho de 2015

Será que o bom senso morreu com o respeito?



Na manhã de quarta-feira, 24 de junho, acordamos com a triste notícia do acidente automobilístico envolvendo o cantor Cristiano Araújo. Num primeiro instante havia uma corrente de oração pelo restabelecimento de sua saúde. Porém, tínhamos informações desencontradas sobre seu atual estado de saúde. O que se sabia até então era que sua companheira de apenas 19 anos que o acompanhava na ocasião não havia resistido aos ferimentos e veio à óbito no local do acidente. Passadas algumas horas do acidente a notícia que todos não queriam veio a se confirmar; o jovem cantor de vinte nove anos também não resistiu e morreu.

A morte de um artista seja aqui ou em qualquer lugar do mundo sempre gerou conflitos. De um lado os fãs que seguem todo ritual de homenagens contando sua relação com aquele artista e, do outro lado, os não fãs em sua maioria (maioria não é todo mundo), observam com desdém a manifestação alheia. 

O principal questionamento dos não fãs era um só: Precisa de tudo isso por conta de uma pessoa só?
Se observarmos nesse aspecto basta então lembrar que quando na morte do Michael Jackson, além da cobertura total em torno de sua morte, seu velório fora transmitido ao vivo mundialmente. Daí você pode naturalmente se espantar e questionar: 

Caro, você vai mesmo comparar um cantor sertanejo com Michael Jackson?  Evidente que não, a questão aqui não é o peso do reconhecimento musical, mas a circunstância. 

E qual seria neste caso? Ambos inegavelmente são artistas reconhecidos pelo seu público por mais distinto que seja o gênero musical onde atuam. O fato é que existe uma verdade que precisa também ser exposta frente ao acontecido. Há um forte preconceito com a música sertaneja no brasil e não é de hoje, o desdém não é com ser humano que perdeu a vida, mas sim pelo reconhecimento dado a alguém que esteve à frente de um gênero musical que para uma parcela é irrelevante. 

A tese é irrefutável quando observamos comentários do tipo: "Artistinha" "Zé ruela" "Cantorzinho" "Sertanojo". Houve quem questionasse se a comoção não seria exagerada: "Cristiano o quê" "nunca ouvi e nem vi" "era tão famoso assim?". Fato é que o artista é sucesso e sua música alcançou milhões de pessoas em todo país, quer você goste ou não. A verdade é que muita gente tentou desqualificar o artista dentro da seara do gosto individual, mas acabam se esquecendo de que gosto não é discutível. 

Entretanto, o motivo do escrito vai além da questão de ser ou não tão famoso assim. 

Chamou-me atenção à exposição gratuita de imagens do acidente e depois dele. Não só a rede social como também via whatsapp tornaram-se um IML ambulante. Imagens chocantes expondo principalmente o corpo do rapaz. Era como se fosse um prêmio registrar o "artista" morto. No começo da noite notei que havia no celular um vídeo que parecia ser a autópsia - procedimento comum nessas ocasiões. Apaguei de imediato sem vê-lo.   

Para mim é doentio, horrendo. Fiquei tão enojado que apaguei meu perfil da rede social para não me deparar com nada relacionado a isso. Essas pessoas precisam fazer tratamento psicológico, não podemos considerar este comportamento normal. Além disso, quem estava exposto ali não era o "artista". O artista acaba quando desce do palco. Quem está ali é um ser humano, um de nós, alguém que tem família como nós. Pai, Mãe, irmã e filhos. Faltou respeito e sensibilidade com o sentimento de dor de quem perdeu alguém especial.


Confesso que estou até o momento perplexo com tamanho desrespeito. Não retorno a rede social tão cedo. A propósito, o abandono da rede social é o próximo tema que pretendo explorar aqui numa próxima ocasião.

É isso! 




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