sábado, 1 de abril de 2017

Antemanhã

Quando se trata de escrever sobre meus pensamentos prefiro a madrugada. Sinto-me mais ligado a mim, mais próximo do que posso me alcançar na intimidade. Mas nem sempre é possível exatidão nesse sentido. Há dias em que mente atormenta e as palavras não conseguem traduzir os pensamentos. Isto sem dizer quando sem nos darmos conta retemos, quero dizer, resistimos.
Ah, Dr. Freud, se não fosse o senhor, como saberíamos desses mecanismos?

Bom, me deixe tentar desenvolver algo! Tentarei organizar algumas poucas ideias sobre abnegação ou como se diz no popular: Desapego! Primeira conclusão - como é difícil renunciar, como é difícil desistir de algo, como é. Vou dividir em duas partes a questão sempre respeitando suas variedades.

 1 - Imaterial

 2 - Material

Primeiro, o imaterial para mim deve sempre aparecer em primeiro plano, pois esta dificuldade se apresenta desde o princípio da vida. Falo precisamente daquilo que pode nos incomodar nas mais diversas instâncias e é difícil de identificar por se tratar de uma questão interior e diversa, ou seja, impalpável. Diferentemente da segunda, o material, daquilo que é externo e de razoável dificuldade para identificação. Embora sejam situações claramente distintas me parece bastante razoável que o incômodo pode nos atingir de igual modo.

Para organizar melhor exemplificarei:

Uma criança que seja acometida por um febre insistente sem razão aparente, uma reação comum, sintoma indicando que algo não está certo. As causas podem ser muitas, naturalmente. Mas há um tipo comum pela qual talvez até nós mesmos já tenhamos passado (provavelmente) quando crianças. Uma febre desencadeada por uma vontade não satisfeita de comer algo ou um brinquedo, o que é muito comum. Nem sempre é possível compreender. Às vezes a criança viu algo e se encantou tanto e a não satisfação daquele desejo pesa de tal modo que vira febre. Por estarem em processo de desenvolvimento é comum e por não terem condições de comunicação tanto quanto, embora todo cuidado seja indispensável. Um outro exemplo é quando a família tem um animal de estimação e ele desaparece. Quem tem animal em casa sabe o drama que é, nem preciso aprofundar. Situações assim nos atingem indiscriminadamente. Os exemplos aqui são questões de causa material, mas é perfeitamente possível ocorrências de natureza imaterial em crianças, mas não vem ao caso aqui. 

Exemplo dois.

Adultos, e aqui naturalmente me incluo. Confesso que, às vezes, tenho certa dificuldade em lidar com certas situações imateriais. Com material não tenho um apego tão exagerado às coisas. Tá bom, meus livros! Tenho um tanto de cuidado com eles, porém não sou extremado. Só não toque neles de qualquer modo! hahahahaha. Creio que nós adultos somos mais vítimas do imaterial, da questão afetiva propriamente dita. Minha relação com afeto não é das melhores, preciso admitir. Mas é uma situação que há tempos tenho trabalhado com muito cuidado. É sempre importante trabalhar o equilíbrio. Nada em excesso é saudável, o que pode indicar alguma questão na seara psicológica. Pois como bem disse o "poeta" Thiaguinho: "Água demais também mata a planta". Por vezes sofremos por excessos desnecessariamente. Geralmente casos assim ocorrem quando vamos além dos nossos limites, quando atravessamos nossas fronteiras e, o que era para ser prazeroso, pode tornar-se uma fonte inesgotável de desprazer. Sobretudo quando estamos deslocados da realidade e despreparados para lidar com a situação. Falo aqui sobre aquilo que sabemos sentir mas não conseguimos nomear, ou quando sabemos o que é e não compreendemos o porque nos afeta tanto. Todos nós temos nossas fraquezas, nossos pontos fracos. Tudo é muito plural e singular ao mesmo tempo.

Nenhum ser é impermeável ou imune ao afeto (porque ele é parte integrante de mim), basta uma frestinha aberta de aceitação e algumas palavras podem nos tirar a paz por tempo ilimitado e nos causar graves prejuízos. Por esta razão precisamos constante nos renovar interiormente, desapegar-nos de certos sentimentos e comportamentos, fortalecer-nos interiormente.  Descredenciar sentimentos que podem nos aprisionar às pessoas de uma forma não saudável, que pode nos apequenar diante de alguma situação ou até mesmo nos isolar. Devemos mitigar gradativamente nossos excessos e apresentar nossa renunciar àquilo que pode nos escravizar de algum  modo. Seja um relacionamento onde você sente-se sozinho, onde sua presença já não é apreciada ou até mesmo aquele apego a coisas materiais. Sei que não é simples e nada acontece do dia para noite, mas se é necessário fazê-lo a hora é agora. Amanhã sempre deixo para depois, mas o que necessário fazer agora que o façamos imediatamente. Quando os primeiros resultados aparecem ficamos incrédulos com poder que temos sobre nós mesmos e acabamos por descobrir que o outro quase nunca tem toda essa influência sobre nós como imaginamos. Digo-lhe, à medida em que for assertivo tomará novamente as rédeas de sua vida e lembre-se: Quem alcança um objetivo sempre vai além dele.

 É isso!

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