segunda-feira, 28 de junho de 2010

Eu e a Morte

Parece estranho, mas já tem muito tempo que quero falar sobre essa relação que tenho com a morte. Na realidade não existe uma maneira de encarar como algo comum, apesar de ser. Pausa, vou pegar um vinho, empolguei pra falar disso, vamos deixar o assunto mais doce. Continuando, você deve se perguntar; pô, tanto assunto legal, e você acha bacana falar de morte? São as duas certezas que temos na existência, nascer e morrer, não vejo nenhum problema em admirar o assunto. Vejo coisas pequenas incríveis nesse aspecto, por exemplo, registro de nascimento, é fantástico. Um simples papel que comprova tua existência, é bem surreal, imagine um registro de óbito, um comprovante de que você deixou de existir. Na real vejo a máxima importância da preparação para a morte, não que eu tenha no meu pensamento que vou morrer ou alguém vai, o fato é que simplesmente acontece. E quando acontece não tem explicação não tem volta, é inaceitável, mas temos que compreender. Certa vez tive um sério problema de saúde, fiquei uma boa temporada dentro de um hospital, acredito que ali, vivenciei uma das experiências mais interessantes da minha vida até presente momento. Estar ali trouxe um pouco do que é sentir que a morte é comum, um destino de todos nós. Não é questão de ter dó, pena ou qualquer manifestação de sofrimento, simplesmente ela chega, leva e o mundo continua girando. Ao passar dos dias lá dentro, bem no primeiro contato, achei que realmente seriam meus últimos dias, acredite meu pensamento era esse. Depois que os dias foram passando, eu conhecendo me tornando intimo daquele ambiente, percebi que eu estava ali por vários motivos, não apenas para cuidar da saúde. Apesar de não ter muitos anos de vida, percebi uma grande mudança no povo atual. Antigamente às pessoas iam para o hospital cuidar da saúde, mais hoje a maioria delas vão para morrer dentro do hospital. Sendo que muitas delas morrem em decorrência de doenças de dentro do próprio local. Aí você questiona, com isso está afirmando que hospital não tem higiene, é sujo, não cuida das pessoas? Claro que não, mais existem vários tipos de doentes e doenças circulando pelo ambiente, e pra você contrair basta simplesmente ter contato com os demais companheiros de hospital, assim bem simples. Antigamente, pessoas morriam em casa, quantas pessoas que você ouve dizer, morreu em casa e quantos morreram no hospital? Na realidade não é culpa do hospital, a culpa é nossa. Com a evolução da tecnologia hospitalar, jogamos essa responsabilidade para os médicos e hospitais. Se um dia puder faça isso, procure visitar uma UTI de um hospital, o que se vê é chocante. Velhinhos, cheios de tubos ligados num aparelho. Isso é viver, gozar da vida real ou seria uma vida artificial? De nada adianta ter um coração funcionando sem atividade cerebral, e aí o que fazer? Ligar essa pessoa numa maquina e deixa-la ali? Depois de ver tantas cenas assim, meu desejo é se um dia eu tiver que morrer que eu morra de forma natural, ninguém deve fazer uso da tecnologia pra manter uma vida que já não existe mais. Outro ponto importante é a pergunta ainda não feita nessa breve reflexão sobre a morte. Porque esperamos a morte pra dizer que amamos? Diante do que vejo no comportamento da sociedade atual, estão tornando um evento tão comum que é a morte num grande espetáculo.

“As pessoas não morrem, ficam encantadas. No final, a gente morre para provar que viveu”. Guimarães Rosa


E outros milhares de detalhes acerca desse assunto tão complexo e pouco falado. Afinal todos querem ir pro céu, mais ninguém morrer, é bem assim, não da pra entender.


"Nunca vou aceitar a morte, mas sei que vou compreender o momento de deixar de existir" João Paulo Rubens



P.S: Tá vendo, falar de morte não é tão ruim, faz a gente refletir tbm hehehehe.

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