sábado, 13 de setembro de 2014

3.0


Antes de iniciar uma breve resenha sobre o tema, farei uso dos versos finais de uma linda canção:

“Mas aí me lembro: Rapaz, você está nos trinta”.
E grito: “tempo, pare um pouco para eu respirar”!
Ainda não consegui ser a metade do que deveria ser! “

Pois é, lá se foram quase 30 anos, quantos momentos, quantas vidas. Como diz um importante pensador: “Contas os dias de nada adianta, pois uma boa vida se avalia pelos momentos que vivemos”. A propósito, aprendi que para uma melhor compreensão de uma história, não devemos interpretá-la do inicio até aqui, mas olhar para trás retornar até o inicio.  Quando faço isso, tenho uma visão ampla de todos os eventos passados até aqui. Modéstia às favas tenho memória suficiente de registros de inúmeros fatos.

Embora sejamos envenenados desde a infância com estórias de que vamos ser/seríamos isso ou aquilo, a vida pode sempre tomar outro rumo, pois compreendi que depende de vários aspectos; Primeira, quem está contando essa história? Segundo, para quem é a história? E, principalmente, nossas escolhas, pois como nos orientou a Banda o Charlie Brown Jr: “Nossas escolhas dirão para onde iremos”.

A considerar onde hoje estou em paralelo com meu local de origem, não sei explicar para onde estou indo. Mas tenho plena certeza que dobrei as regras e enganei expectativas alheias. Não quero aqui fazer aquele discurso barato de infância pobre, sofrida ou como dizem por aí erroneamente causando em mim profundo desespero: Veio de família humilde.  

Por aquilo que mais acredita, entenda; humildade nada tem com situação socioeconômica, humildade é uma qualidade, um sentimento que há ou pelo menos devia existir em todos nós. É aquela questão fundamental de compreender que todos, sem exceção, temos o mesmo peso sobre a terra.

A infância que tive foi aquela e ponto final.  Sim, trabalhei cedo, tive atividades diversas, mas, mesmo assim, tive uma ótima infância.

Como não se lembrar dos tempos do colégio? Dizem os “especialistas” que é a melhor fase da vida. Em última análise, sem receio de equívoco, acredite nessa afirmação. 
As responsabilidades adquiridas após o termino do colégio são infinitamente chatas. Não que eu não goste de responsabilidades, é que são chatas mesmo. Embora, por outro lado, ganhamos aquilo que sonhamos desde os 15 aninhos: Independência.

Não há como escapar de admitir que, quando no colégio, fui um aluno medíocre. Não posso assumir a forma de aluno exemplar ou excelente, entretanto não fui o pior aluno. Talvez tenha me faltado um pouco mais de interesse e, também quem sabe, tenha talvez faltado quem despertasse mais interesse em mim. Enfim, o mais importante é concluí os estudos e nunca desde o inicio tive alguma aversão à escola.  

A parte ruim de guardar na memória certamente são as amizades que se foram, quando cada um segue o seu caminho como se aquele laço se limitasse ao período escolar. Mas aprendi que isso é inerente à vida. Muita gente passa, deixa aqui suas marquinhas e com certeza leva um tantinho de nós também.

Tenho aprendido muito sobre amizade observando minha Mãe. Embora eu tenha amigos, minha Mãe é, sem dúvida, meu melhor amigo. Sempre quando temos um tempo, sentamos para tomar uma cervejinha e resenhar sobre vários tópicos. É a pessoa que nunca me botou medo sobre nada, nunca nos permitiu (eu e meus irmãos) sentir qualquer sentimento de inferioridade. Isto sem tocar no assunto. Nunca disse algo do gênero: Olha meu filho, as coisas serão difíceis para vocês ou isso não é para vocês. Talvez se ela tivesse dito algo dessa natureza teria mudado o rumo de nossas vidas, acredito. Uma pessoa que sempre me aconselhou: Para saber se vai dar certo, você tem que ir e experimentar. Sobre amizade ela sempre foi sensata, em suas palavras: “Meu filho, na medida em que a gente vai ficando velho, vai rareando”. E assim tenho observado.

Dias atrás conversando com um senhor, ele questionou: Que idade você tem?

Disse: Estou nos trinta.

Ele então disse: Rapaz, você é jovem demais. Quem me dera se eu tivesse trinta anos.

Estive pensando sobre essa afirmação. Será que sou jovem demais? Sei não.

Meu histórico familiar me permitiu ter uma filosofia de vida diferente dessa que nos é apresentada como factual. Sim, talvez eu tenha muita vida pela frente, como também, não. Embora toda preferência esteja na primeira opção. Vejo uma imensa perversidade nessa busca pelo amanhã, esses planos em longo prazo. 

Diariamente negligenciamos o presente, sempre estamos no amanhã, como se hoje fosse uma garantia do amanhã, mas, a vida tem incessantemente nos provado o contrário. Evidente que não vamos torrar a vida hoje e começar tudo novamente amanhã, mas é necessário um equilíbrio. Às vezes tenho a impressão que a coisa mais importante a fazer é amanhã, pois hoje já não tenho tempo mais.

Este é um fato extremamente particular, talvez nunca aqueles que me conhecem me ouviram falar sobre esse tema. Perdi meu Pai nos seus “poucos” 27 anos de idade. A questão não é como aceitar ou lidar com a situação, a grande questão é que a vida se apresenta assim. Só contamos com morte na velhice, eu não. Por este motivo tomo os cuidados necessários. Duas questões: Primeira, não tenho medo, segundo, não tenho nenhum pensamento sobre isso.

Encerrando este tema, para finalizar;

Com a pouca experiência que adquiri nesses quase trinta, tenho andado devagar. Observado mais e ouvindo mais. Tenho a segura impressão de que quanto menos falo, mais os conteúdos se tornam claro. Nesses quase trinta aprendi a não romantizar certas coisas, mas dar mais amor a minha família, meus amigos e, ainda mais, a família que eu e minha namorada, mulher, companheira, amiga (Keila) estamos construindo.

Três pensamentos tatuados na alma:

“Às vezes, uma vida inteira cabe num momento”.

“Um minuto é tempo suficiente para mudar tudo para sempre”.


“E onde a sorte há de te levar, saiba: O caminho é o fim mais que chegar”.

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